Bola de Couro
Com alguma perplexidade li a notícia de que o head esportivo do Coritiba, Renê Simões, funcionário do clube, promoveu uma reunião com os líderes de torcidas organizadas.
Deu a eles explicações, entre elas quanto à tormentosa questão do transfer ban, e fez apelo para que apoiem os jogadores nas próximas partidas. Falou da catástrofe que seria um novo rebaixamento e disse que quer usar a força das arquibancadas para vencer “nem que seja na marra”.
Vejo alguns problemas na iniciativa do nosso bem falante diretor de futebol ao reverenciar as torcidas organizadas.
Primeiro, a torcida para a qual deveria dar satisfações – embora justo fazê-lo também para as organizadas – é toda ela, em especial aquela que paga ingressos, compõe o quadro social, quadruplicou o número de associados em poucos meses, e que compra produtos do clube e não de outras entidades. Para isso poderia o Renê Simões usar os meios de comunicação em geral e em especial os sites que sempre estão à disposição para ouvir, ver e apontar o que é melhor para o nosso Coritiba, como é o caso do Coxanautas, legitimo representante da torcida.
Segundo, parece um ato de desespero procurar socorro junto às organizações de torcida e dar-lhes legitimidade e autoridade como se fossem elas as exclusivas representantes dos coritibanos e não procurar os autênticos torcedores a que me referi e que nunca causaram tumulto no estádio ou fora dele. Temo que, pedindo para ganhar “nem que seja na marra”, o Renê Simões, mesmo sem querer, é claro, esteja dando combustível para atos antidesportivos, que infelizmente acontecem com as torcidas organizadas. Espero muito estar errado nessa interpretação.
As torcidas organizadas têm valor, fazem uma festa bonita no estádio. Mas nenhum clube de futebol pode ficar refém delas, e se se limitassem às festas e incentivos seriam só admiradas e não também temidas. E não podem ser consideradas as exclusivas representantes da torcida do Coritiba, que não é constituída por só elas, mais muito mais pelo grupamento que mais sustenta e dá força, os torcedores que, repito pagam ingressos, se associam e compram produtos do clube. Estes é que mereceriam ouvir e ser ouvidos, recebendo respostas para as tantas questões que no momento que nos afligem, preferencialmente às vezes na voz de algum dirigente eleito.
Estou, como todos que participam do Coxanautas, ao lado do Coritiba. Confio na gestão inspirada no saudoso Follador e quero crer que essa má fase será superada, mas nem por isso não posso deixar de apontar o que penso de situações como a refletida na matéria jornalística hoje publicada.
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