Bola de Couro
Desde que as primeiras notícias sobre a máfia das apostas apareceram começou um debate sobre a aplicação do princípio da presunção de inocência em favor dos jogadores citados ou acusados, até que sejam formalmente julgados.
Não foi diferente com o Alef Manga, que inicialmente foi suspenso pelo Coritiba, depois reintegrado diante da suposição de que não teria participação no esquema, até que nesta semana apareceram indícios fortes do seu envolvimento, em prejuízo do clube que o emprega. Lembro que o Alef Manga, em trinta jogos pelo Coritiba no ano passado, recebeu nada menos do que treze cartões amarelos e um vermelho (fonte Infogol) ou mais de um a cada três jogos. Isso que é atacante, posição na qual, em tese, mais se sofrem do que se cometem faltas.
São revelações com forte carga probatória, uma planilha de transferências de numerário e o depoimento do Diego Porfírio que, sem se escusar da sua conduta ilegal, trouxe a informação da participação do indigitado Alef Manga, a isso se somando o histórico disciplinar do ano passado.
Pois amigos, em que pese o direito consagre a presunção de inocência para acusados em geral, o conhecido “in dubio pro reo”, ao lado dele caminha o princípio do “in dubio pro societate”, ou seja, em certas situações, mesmo enquanto não houver decisão condenatória formal vigora este último, aliás de comum aplicação nas ações de improbidade administrativa, quando investigados são sumariamente afastados dos cargos. E sem contar as hipóteses de prisão preventiva que, como sabemos, quando necessária se aplica no curso do processo até que o réu seja julgado. Na dúvida, que se afaste o acusado ou mesmo investigado em benefício da sociedade, ou, no caso, da comunidade (clube) que integra.
É o que penso no caso. O clube está estudando a melhor maneira de lidar com a questão, mas tenho que o afastamento do jogador – por suspensão ou rescisão contratual, ou o que valha – é inarredável.
Uma lástima constatar que o mundo do futebol está tão contaminado pela corrupção. Não sou ingênuo para imaginar que nunca foi assim, mas os fatos que estão sendo revelados, ao lado do que disse antes de ontem o ex-árbitro Sálvio Spínola “a arbitragem no Brasil é cercada pela corrupção” (veja aqui), mostram o que talvez nunca quisemos ver e trazem desilusão, quase vontade de desistir de acompanhar o futebol.
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