Bola de Couro
A cada dia que passa nesse pesadelo que nos assusta há muitos anos, agravado desde o fracasso da gestão passada e agora de modo mais marcante pela atual, concluo que nós, os coritibanos que restamos, somos antes de tudo uns teimosos.
Alguns teimam em imaginar que um dia as glórias de um passado cada vez mais distante voltarão. Outros teimam em ter esperança de que os rumos atuais adotados no Coritiba um dia não muito distante serão objeto de correção e o sucesso voltará. E há os que – sim, há – entendem que no momento o futebol está em segundo plano e o objetivo do clube deve ser adquirir estabilidade financeira para depois pensar em conquistas.
Todos iludidos.
A se manter o modo de administrar imposto ao Coritiba, nós, os que vivemos o passado glorioso, e os que dele têm notícia, dificilmente veremos um Coritiba naquele patamar em que éramos respeitados não só no futebol como institucionalmente. Talvez em algumas décadas, mas provavelmente não estarei aqui para ver. Quem sabe, o meu neto.
Aqueles que têm esperança de ver isso em breve tempo torço para que não aconteça de a cada vez que entrarem no estádio venha em suas mentes a frase de Dante Alighieri no portal do inferno “ó, vós que entrai, abandonai toda a esperança”. Nada vejo que permita ter esperança de dias melhores em tempo próximo.
E os que estão satisfeitos com o modo de administrar que procura antes de tudo sanear as finanças, lembro que no afã de justificar a má gestão esquecem que o Coritiba é um clube de futebol e que sem sucesso nessa área jamais será possível sucesso financeiro. Jogamos fora uma vultosa verba com o fracasso do ano passado, jogamos fora dinheiro com a perda paulatina de associados, jogamos fora patrocínios por não termos um produto bom, jogamos fora receita da venda de nossas marcas e assim vamos apenas sobrevivendo, conseguindo, de vez em quando, algum dinheiro através de algum aluguel para shows.
E assim vamos vivendo um amargo pesadelo do qual parece que nunca acordamos, e que se agrava vendo o sucesso do rival que a cada dia se distancia de nós. Ah, sim, dirão alguns, temos mais títulos estaduais do que eles, nossa história é maior. Esquecem que títulos estaduais pouco significam nos tempos atuais, ainda mais em comparação com um intercontinental. Nossa história já não é maior, a não ser que tracemos um limite temporal em um passado um tanto remoto. Sei que talvez alguns me jogarão pedras pelo que estou dizendo, mas é a fria verdade, dolorida, mas incontestável.
Perdoem-me por não comentar o desastre de ontem. Mais um. Assisti ao jogo, mas dizer o quê? Repetir colunas minhas ou de confrades? Dizer que há muito tempo quando temos algum um pequeno sopro de esperança em razão de uma vitória logo ela se esvai? Estou com muita saudade do tempo em que escrevia quase só colunas elogiosas ao Coritiba. Infelizmente, nesses tempos só me resta esperar um dia acordar desse amargo pesadelo.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)