Bola de Couro
Continuando os desacertos que a atual direção do Coritiba pratica no futebol, após demitido Paulo Carpegiani (depois de dois meses da renovação de contrato com salários e multa vultosos, ao se diz), aceitou ela pedido dos jogadores para que o comando da equipe fique nas mãos do Pachequinho, uma vez que gostam muito dele, que é amigo de todos. Para tentar mostrar que não se curvava aos jogadores, a direção disse que o manteria como interino, e não efetivo, embora esse seja o desejo dos atletas.
O resumo desse fato diz muito sobre o que reina no departamento de futebol do Coritiba.
Primeiro, tudo indica que houve muita precipitação ao renovar com o Carpegiani sem segurança de que ele se manteria. Quem avaliou isso de modo irresponsável levando o clube a um desgaste e despesas irrecuperáveis?
Depois, se o Pachequinho é um bom sujeito e foi bom jogador – embora nada tenha conquistado pelo Coritiba – sem dúvida ele é um neófito nas funções de treinador e nada provou ainda que o habilite a comandar time de média envergadura no cenário nacional. Ele poderá um dia ser bom treinador, quem sabe, mas ainda tem que comer muitos pacotes de sal em clubes de menor expressão de divisões inferiores para tentar ter possibilidade de sucesso.
Mas talvez mais grave do que o modo como a direção encaminhou o assunto é saber que os jogadores pediram o Pachequinho como técnico, tendo como principal razão o fato de que é amigo e querido por todos. Melhor, disseram alguns, se fosse efetivado por assim haveria mais respeito...
Como assim? A carroça puxando o cavalo? Então cabe aos jogadores escolherem quem os comandará e só um técnico do agrado dos mesmos, de preferência efetivo, merece ser respeitado?
Técnico de futebol, assim como qualquer dirigente ou gerente em qualquer área, deve ter liderança para ser respeitado e conseguir produção e resultados. Ser amigo dos comandados pode ser bom, mas isso é secundário, importante é ter o comando do grupo que dirige. Liderança não vem por decreto e nem por amizade, se conquista. Quem tem ou já teve grupos sob sua chefia sabe bem disso. Esse fato mostra que não há comando no vestiário (aliás, desde a rebelião protagonizada pelo Alex na gestão anterior) e com o Pachequinho certamente não haverá. Logo jogadores estarão decidindo a escalação e substituições, provavelmente rebeldias como a que houve com o Juan no ano passado acontecerão e, não se afaste a hipótese, se formos favorecidos com uma penalidade e o Kléber pegar a bola para cobrar não haverá comando que diga que o encargo deve ser de outro.
Estamos vendo o mesmo filme dos últimos tempos, para o qual contratam-se e dispensam-se os atores, substituindo-os sistematicamente, muitas vezes pelo mesmo nome, e nada de produtivo é alcançado. Ainda que tenha visto somente o atletiba em razão da não transmissão pela TV fechada dos demais jogos, dos resultados e de tudo que ouvi e li não tenho como acreditar que algo mudou ou mudará com o comando nas mãos do Pachequinho. De onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Gostaria de não voltar a ver a mesma novela que vi nos últimos anos: fracasso na Copa do Brasil já no seu início, perda do título estadual e luta no campeonato brasileiro somente para evitar o rebaixamento.
Ah, mas pelo menos na Copa Sul-americana não corremos risco de fracasso, uma vez que, por pressão dos mesmos jogadores que hoje querem escolher o técnico, no último jogo do ano passado levamos para Campinas um time com jovens da base que nunca haviam composto a equipe e desperdiçamos a classificação para aquela disputa. É o que dá perder o comando.
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