Bola de Couro
Assentada a ressaca da alegria do retorno à elite do futebol brasileiro, é hora de saber planejar o futuro, sob pena de repetirmos erros que nos levaram a sucessivos rebaixamentos neste milênio. Penso que o nosso clube não aguentará mais um fracasso e é necessário que todos nós, torcedores, dirigentes e formadores de opinião, trabalhemos visando ao bem do nosso amado Coritiba.
Para isso é essencial ser realista, mirando grandes objetivos, mas a serem atingidos de forma paulatina e segura, ou, como se diz, “com os pés no chão”. Visão de realidade e ambição conjugada com humildade são essenciais.
Mas não foi o que vi em algumas manifestações após a conquista.
Primeiro, uma entrevista infeliz do empregado do clube, o Pastana – que segundo bem informado jornalista seria o presidente de fato do Coritiba na administração do futebol – o qual, como ocorre costumeiramente com pessoas que não sabem conviver entre o fracasso e o sucesso, foi verborrágico. Comentários no sentido de que quem o critica deve “chorar na cama” e “sei que sou bom”, nada acrescentam, só preocupam pela arrogância. Na condução do futebol do Coritiba acertou, mas também errou. E quem não tem humildade para admitir os erros e aprender com eles, não tem maturidade para corrigi-los. Como seu contrato foi renovado, vamos ver se depois da euforia da conquista fez uma introspecção e se convenceu de que não é tão bom como pensa e que muito terá que corrigir para não repetir a pífia campanha que teve com o Paraná Clube.
Outra entrevista, ou melhor, outras, pois no sucesso o nosso presidente apareceu muito, foram as do Samir.
O que percebi é que o presidente talvez não seja tanto soberbo como passamos dizendo nesses dois anos. Acho que ele é mais um ingênuo.
Como pode um dirigente que necessita tratar da renovação do contrato do seu diretor de futebol e do técnico já sair dizendo que os valores deverão ser em outro patamar dado o clube estar na primeira divisão? Quem negocia assim? Imagine você, amigo do Coxanautas, ir comprar um automóvel ou um imóvel e já chegar dizendo: olha sei que o mercado aqueceu e me proponho a pagar mais. Se isso não se faz com o próprio dinheiro, o que dizer com o dos outros, o nosso, o do clube? Não é má fé certamente, mas é puerilidade.
Não vou tratar de outros enfoques das entrevistas dadas as limitações do espaço, mas ainda chamo a atenção para a ingenuidade de já ir fixando preço para negociar a jovem revelação Yan Couto. Como assim? Nem se sabe de algo concreto e já se sai anunciando o valor que pretende pela negociação, quando isso é para se tratar intramuros. É bem provável que, como ocorre no mundo dos negócios – e o presidente Samir, pelo exemplo dos seus ancestrais, exímios negociantes, deveria saber – os pretendentes já virão ofertando menor valor e até pagamentos parcelados aproveitando-se da penúria do clube.
Mas não pensem que sou opositor à atual administração e que não reconheço os seus acertos (manutenção da folha de pagamento em dia, conservação e renovação de dependências do estádio, estabilidade no controle do déficit financeiro) e que não quero o seu sucesso. Quero sim, assim como quis em relação a todas as anteriores, e desejo muita sorte ao presidente e seus pares. Só temo que sem um choque de humildade e da realidade não será fácil avançar. A alegria do sucesso no retorno à primeira divisão não pode mascarar os muitos erros cometidos e a necessidade de, sem vaidade, aprender com eles.
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