Bola de Couro
Li com atenção e reflexão o editorial publicado pela direção do Coritiba a respeito da situação financeira do clube.
Realmente, embora não seja novidade, mas a atual gestão está mostrando de modo transparente, a nossa situação é preocupante. Não vem de hoje, já nem sabemos desde quando tantas foram as gestões que foram acumulando os passivos em lugar de pelo menos estancá-los.
Lembro que na gestão do Giovani Gionédis o clube corrigiu em muito a situação, através da negociação de excelentes jogadores saídos das bases – Rafinha, Miranda, Henrique e Adriano – e naquela ocasião eu pensava que então iríamos retomar o antigo caminho das glórias. Mas infelizmente, ao tempo em que equalizou dívidas, inclusive afastando a penhora que recaía sobre o nosso CT, a direção equipou muito mal a equipe e o resultado foi a queda para a segunda divisão em 2005, com manutenção até 2008, pois o time de 2006 chegou a ser pior do que o anterior, de modo que as receitas minguaram.
A partir daí os resultados de balanço foram se mostrando cada vez mais negativos, agravados pelas temerárias contratações da era Felipe Ximenes – Lincoln, por exemplo, contratado com salários merecidos só por craques de ponta de grandes clubes (o que ele nunca foi), dentre tantos outros. Sem contar o prejuízo da contratação do Alex que quase nada somou, pelo contrário, levou a cizânia ao clube.
No início da gestão Bacellar, que assim como tantos assumiu se queixando do passivo, tratou-se de iniciar a gestão com economia. Premido pelos maus resultados, aos poucos abriram-se os cofres, renovando contrato com Kléber – cujo custo/benefício foi pífio – e contratando o semi aposentado Alecsandro e o descompromissado Anderson, cujos salários somados talvez superassem a folha de pagamento da Chapecoense.
Cobranças e penhoras há muito são uma constante na vida do clube. Segundo o relato da direção, só o passivo trabalhista está sob risco, se acolhidas todas as ações ajuizadas, em torno de R$ 50.000.000,00.
Sem dúvida a administração atual herdou um quadro caótico e não é responsável por ele, sendo louvável que procure atenuar o passivo – zerá-lo só em muitas gestões, se é que um dia será possível.
Mas insisto em um ponto que já referi aqui em outros textos. Se economizar é necessário, buscar receitas é fundamental, do contrário não há equação que resista. E o ingresso de receitas, com economia concomitante, passa fundamentalmente por boas contratações para compor o elenco e em consequência entusiasmar e trazer de volta a torcida ao estádio, recompor o quadro social e vender produtos da nossa marca.
O que vimos até agora não está nessa linha. A renovação do time está sendo muito malfeita, nomes que me dispenso a comentar, pois de todos sabidos, nada somaram, pelo contrário. Se não é exigível que a alta direção conheça futebol e saiba contratar – como sabiam Evangelino Damiani, Jacob e Vialle – que pelo menos tenha um profissional competente para tal fim. E não é o que se vê do trabalho do até há pouco desconhecido do Augusto Oliveira, que não sei se decide sozinho ou consulta o técnico e o Tcheco e o Pereira (afinal, qual é mesmo a função do Pereira?), mas sem dúvida decide mal. Gerente de futebol tem que ter “bom olho”, prospectar e encontrar jogadores com potencial, a história de muitos clubes está repleta de exemplos (quem era o Hidalgo até que foi buscado no XV de Piracicaba que disputa a série A2 do campeonato paulista?).
Enfim, vou continuar a dar crédito de confiança nas tentativas de reequilíbrio financeiro do clube e acredito nas boas intenções da direção para recuperar o Coritiba em todos os sentidos. Mas a continuar nos erros que temos visto na formação do time, temo que logo adiante os esforços de economia poderão não trazer resultados. Mantenho a minha condição de associado e sempre pagarei a minha anuidade, esteja o time bem ou não. Mas estou quase cansado de assim agir com pouca ou nenhuma retribuição.
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