Bola de Couro
As duas maiores controvérsias a respeito da arbitragem em jogos de futebol sempre foram as dúvidas sobre impedimentos e pênaltis quando o defensor toca a bola com a mão.
A primeira hoje está solucionada através de um requisito objetivo, qual seja a câmera que traça as linhas e define o possível impedimento ou não.
Mas permanece a controvérsia a respeito de toque na bola com a mão, e ontem verificou-se isso no jogo do Coritiba contra o Flamengo.
Como devem lembrar, após um cruzamento para a área do rubro-negro um jogador do Coritiba (me fugiu quem foi) cabeceou a bola em direção ao gol e o arqueiro defendeu com o pé, na sequência a bola tocando no braço aberto do zagueiro rival, desviando a trajetória dela. Não foi marcado pênalti e os comentaristas, de arbitragem ou não, dizem que como a bola veio de um companheiro e como não houve intenção, foi acertada a decisão do árbitro.
Penso que não foi, por duas razões, uma delas omitidas pelos comentaristas, muitos deles árbitros aposentados que detêm viés corporativistas.
Primeiro, a ausência de intenção é um elemento subjetivo e sempre melhor decidir com base em situações objetivas, ou seja, a bola foi desviada com a mão pelo zagueiro, com o braço aberto, e o árbitro certamente não tem um chip cerebral conectado ao cérebro do jogador para saber se ele teve intenção ou não.
Mas vamos dar de barato e considerar que a intenção teria sido o tal “lance interpretativo”. Resta o argumento de que como a bola partiu do pé do goleiro não deveria ser marcada a penalidade. Aqui contraponho uma constatação. É bem possível, ou até provável, que, se a bola não tocasse na mão do zagueiro, iria ela para um dos jogadores do Coritiba que disputavam o lance e poderia ter saído o gol. Ou seja, o toque com a mão do zagueiro do Flamengo pode ter sido determinante para o resultado do jogo.
Há poucos dias tivemos dois lances polêmicos em jogos de outros times. No jogo pela Copa do Brasil, entre Flamengo e Grêmio, foi marcado pênalti para o time carioca quando um zagueiro dos gaúchos cabeceou a bola e na sequência ela tocou em seu braço, marcando-se pênalti. No jogo entre os mineiros e paulistas, um jogador do Palmeiras cabeceou a bola e ela tocou no braço aberto do companheiro de time, não sendo marcado pênalti.
Sei que há circunstâncias que podem ser consideradas como, por exemplo, quando a bola bate na mão do defensor quando ele está caído ao chão ou quando está com os braços colados ao corpo. Mas braço aberto, desviando a trajetória da bola que provavelmente iria para o adversário não pode ser enquadrada nessas exceções.
Todos os pontos que levanto podem ser controvertidos, sei disso, mas penso que a regra que define a mão na bola teria que ser mais objetiva, não deixando a decisão para interpretação do árbitro. Se o jogador tocou nela, desviando-a em prejuízo do adversário, não importa se houve intenção ou não ou se a bola veio de um companheiro.
Do contrário, continuando como está, a interpretação dependerá da grife do clube prejudicado ou favorecido.
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A opinião sobre a arbitragem não absolve o time do Coritiba dos tantos erros que cometeu no jogo. Mas estou cansando de apontar falhas e por isso preferi mudar o enfoque.
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