Bola de Couro
Depois de duas preocupantes derrotas, contra o FC Cascavel em casa, quando fomos dominados durante quase todo o jogo, e contra o maior rival, que nos enfrentou com o que chamam de aspirantes, ou seja, não jogam no time principal, o CEO Brunoro veio a público para dar satisfações à torcida e pedir paciência.
De um lado o fato é positivo, ainda que melhor fosse que a manifestação partisse do presidente, mas a verdade é que, ao contrário da última gestão, quando alguém falava sobre o clube somente nos momentos dos raros sucessos, satisfações estão sendo dadas à torcida.
Mas por outro lado, a fala merece ser melhor analisada.
O torcedor de futebol é passional, todos nós, uns mais e outros menos, e sempre quer sucesso imediato. A torcida do Coritiba não é diferente, ou melhor, está sendo um pouco diferente. Escaldada pelos insucessos desde as duas últimas gestões, quando o máximo que conseguimos foi um título estadual apagado por dois rebaixamentos alternados, a torcida tem sabido ser paciente, dando à direção que foi eleita com quase a unanimidade dos votos todo o crédito para que o clube seja reerguido. Sabemos que isso não acontecerá de imediato – um sucesso repentino normalmente não tem base sólida - e nem em poucos meses ou talvez um ano, e temos dado voto de confiança para a atual direção.
Isso não significa que, ao tempo em que elogiamos os novos rumos que se instalam, deixemos de fazer críticas ao que entendemos não está sendo satisfatório.
Uma delas é que, em que pese a noticiada cientificidade do sistema de prospecção de jogadores, ele não está sendo satisfatório.
Os novos alas, Igor e Romário, tem alternado momentos bons com ruins, mas mesmo nos bons não parecem ser os jogadores ideais à altura do time que queremos ter. Do mesmo modo o Wellington Carvalho, até porque o jovem Thalisson pareceu melhor do que ele na única partida em que foi escalado. No meio, Jhony ainda é incógnita, mas Val, exceto quando do penúltimo jogo, parece ter sido um dos acertos de contratação. Os Matheus – os três - são do elenco anterior, mas nenhum deles tem futebol suficiente para um time que aspira mais. Repatriamos o Willian Farias e o Robinho, mas este, como acontece muito com veteranos, passa mais tempo em tratamento médico do que em treinos ou jogos. E na frente ainda temos que testar – o campeonato estadual não é para isso? – Robinho e Taílson, pois se os poucos minutos em que esteve em campo refletiram o futebol do Dalberto, estamos mal. Resta de positivo o Léo Gamalho, mas não pode ele ficar como permanente esperança de que uma bola “sobre” para concluir, sem ter alguém melhor ao seu lado e mesmo para substituí-lo quando for necessário. Agora vem o desconhecido Willian Oliveira, incógnita para a qual torceremos muito para que dê certo.
Enfim, meu caro Brunoro, paciência a torcida do Coritiba tem tido. Sabemos que resultados bons não acontecem rapidamente em um clube cujo time foi praticamente destruído. E sabemos que o clube também foi duramente atingido em suas finanças por força de más gestões anteriores e está em fase de reconstrução, que deve ser gradual e segura. Mas também, convenhamos, você não iria querer que após derrota para os jovens aspirantes do rival a torcida ficasse em silencio. É compreensível a ansiedade do torcedor, paciência e confiança continuaremos a ter na esperança de que aos poucos tudo se encaminhará para o melhor.
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