Bola de Couro
Ainda sob o impacto negativo da notícia das práticas da “Máfia das Apostas”, preparei-me para assistir a mais um atletiba. Mesmo consciente de que o nosso time é inferior ao rubro-negro e que, além disso, jogava desfalcado, tinha uma leve esperança de que a mística do atletiba nos levasse a uma vitória, por apertada que fosse, e com ela dar uma volta na chave e encontrar o caminho no campeonato.
A leve esperança começou a aumentar quando ficamos à frente do placar até o intervalo, foi um pouco abalada quando eles empataram logo após o reinício do jogo, mas retornou quando fizemos o segundo gol e nos encaminhávamos para o final da partida com finalmente uma vitória.
Doce ilusão, em quatro minutos, nos acréscimos, tomamos a virada, uma das mais humilhantes de nossa história.
O que houve? Vários fatores podem explicar e o espaço é insuficiente para debulhar tudo.
Primeiro, o fato de jogarmos com uma zaga pesada, de veteranos, cuja atuação culminou com o patético erro do Henrique quando do gol da virada do adversário. No ano passado, com quase a mesma zaga fomos a segunda pior defesa e agora estamos no mesmo posto. Não vejo solução com os atuais ocupantes da zaga, sendo fundamental que o jovem Thiago volte e confirme o que mostrou no jogo anterior e que o Jean Pedroso retorne da seleção sub-20 para entrar no time. Talvez não confirmem as expectativas, mas há que se tentar, pois manter a defesa como está é suicídio.
Depois, o erro do treinador quando das substituições. Jamerson não deveria ter saído, enquanto o Kaio Cesar deveria ter sido orientado a jogar pela direita do nosso ataque, e não a esquerda como aconteceu, pois o zagueiro atleticano daquele lado dava mostras de estar com algum início de lesão e o lateral esquerdo deles não estava jogando bem. Já nem falo na entrada do Rodrigo Pinho, que foi de uma inutilidade total, como se nem estivesse em campo.
Em terceiro lugar, o time não soube administrar o resultado de vitória que manteve até os noventa minutos regulamentares. O Coritiba tinha em campo jogadores rodados que, a despeito da má qualificação atual, têm história no futebol, dois deles já integrando as seleções dos seus respectivos países. Deveriam saber que em jogo difícil, em especial clássico, quando o final se aproxima com a vitória encaminhada é importante saber manter a bola longe da sua área e fazer o tempo passar. Um erro imperdoável, que culminou com a falha gritante do atleta mais idoso do time, capitão da equipe, que deveria naquela altura estar comandando e incentivando os companheiros a controlar o jogo como tantos times fazem nas mesmas circunstâncias.
Por fim, embora a análise pudesse se estender sobre outros tópicos, chamou a atenção – e já tinha observado isso em outros jogos – o mau preparo físico dos nossos atletas, muitos dos quais nos últimos minutos se arrastavam em campo. Aliás, é de se indagar também se as tantas lesões que nossos atletas sofrem – na expressiva maioria musculares não decorrentes de traumas ou torções – não decorrem também da má preparação física.
Pois é amigos, mais uma vez estamos aqui lamentando uma apresentação do nosso time, desta vez mais dolorida por se tratar de derrota no clássico e nas circunstâncias em que ocorreu. Está muito difícil recuperar tantos pontos perdidos, o time não é confiável. Espero que a direção esteja trabalhando com vista a usar bem a “janela” de julho, talvez já encaminhando contratações e aguardando aquele prazo para fazer o registro dos atletas que venham a tomar lugar dos até aqui fracassados. Se não agir assim, o ano estará perdido e o futuro ameaçado.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)