Bola de Couro
Ontem, contra o Bragantino, o Coritiba teve mais uma pífia apresentação. Dizer que o time foi medíocre ou sofrível é adjetivação insuficiente, na verdade, a exibição foi horrenda.
Tendo a maioria dos jogadores deficiências técnicas por todos conhecida, esperava-se que o técnico, valendo-se de dez dias de parada e de treinar em uma espécie de refúgio, trouxesse a campo um time que tivesse algum padrão de jogo, alguma jogada ensaiada, como se diz. Que nada, só soubemos destruir e quando tínhamos a bola quase nunca ela era trocada entre dois ou três dos nossos, salvo nos constantes recuos, usados a abusados.
Há no elenco jogadores dos quais se poderia esperar mais, não são tão ruins como vêm mostrando, mas o que venho observando é que falta neles confiança e espírito guerreiro. Parecem conformados com o que acontece, acreditando que, como diz o inapto presidente do clube, o time vai reagir, sairá logo da zona de rebaixamento, e assim vamos ficando cada vez mais perto da catástrofe. Claro que temos que expressar confiança no elenco, não por merecer, mas por ser o que temos, nada mais dá para fazer neste campeonato. Mas ao lado dessa conduta seria necessária outra, no sentido de motivar os jogadores a suprirem as deficiências com disposição. Não é o que se vê. Ontem, exceto o Rodolfo que volta e meia dava uns gritos com os colegas, o time nem de longe pareceu estar preocupado com o quase certo rebaixamento. Nesta hora seria importante ter um treinador vibrante e motivador, mas o atual, trazido pelo ontem não-participativo Ricardo Oliveira, fica estático e em silêncio ao lado do campo.
Mas quero expressar aos amigos outra preocupação, esta comigo. Ontem, por volta dos trinta minutos da segunda etapa, me surpreendi ao dar-me conta de que não estava torcendo, apenas assistindo ao jogo. O sofrimento está tão grande e intenso, que certamente o meu subconsciente agiu levando-me à indiferença, o que é talvez o pior dos sentimentos. Quem me conhece pessoalmente sabe como fico na arquibancada ou no sofá. Não arranco os cabelos porque já os tenho poucos, mas grito, esbravejo e festejo. Pois até esse sentimento de indiferença essa pífia gestão fez com que acontecesse. Foi passageira a indiferença, o Coritiba faz parte da minha vida e nunca vou deixar de torcer, seja qual for o momento, mas às vezes a nossa mente trata de nos defender de males maiores, até físicos, e nos faz ficar indiferentes em momentos difíceis.
E assim vamos cada vez mais próximos do inferno da segunda divisão, agora necessitando fazer campanha igual a de clube que quer ficar entre os primeiros colocados para escapar. Temos que ter esperança, mas está difícil. Diz o ditado popular que a esperança é a última que morre. Sim, é a última, mas morre também.
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