Bola de Couro
Desde que superou o momento crítico que enfrentou ao início do campeonato estadual, com derrotas inaceitáveis para o Toledo e o PSTC, em momento de atraso salarial e insatisfação dos jogadores, o Coritiba se reencontrou e vem fazendo uma boa campanha que nos dá fundada esperança da conquista do título de campeão paranaense. No trajeto teve vitórias convincentes sobre o Paraná e o Atlético, passando com facilidade pela segunda etapa do campeonato, de modo que somos induvidosamente favoritos para alcançar o título de campeão.
Vejo que a torcida está eufórica, alimentada pela mídia que só fala no melhor ataque e melhor defesa, no artilheiro do campeonato e que clubes do centro do país estariam interessados em atletas nossos (tipo de notícia que muito nos prejudica). Nas redes sociais, hoje o melhor termômetro para aferir o estado de ânimo das torcidas, o campeonato estadual é dado como ganho e muitos consideram o elenco como suficiente até para o campeonato nacional, destacando-se, neste sentido, manifestação do Vice-Presidente Alceni Guerra (não concordo com esse pensamento dele, outro dia falo nisso).
Realmente este ano temos um time melhor do que os dos últimos anos. Boas apresentações individuais, preparação física marcante como fator do sucesso até aqui, grupo aparentemente unido e um mínimo de plano tático que vinha nos faltando há muito.
Mas pessoal, menos, menos.
Temos um time bom para o campeonato paranaense e somos os favoritos para conquistá-lo. Mas não esqueçamos que do outro lado, por mais que a rivalidade queira nos dizer que não, há um adversário de valor e desesperado por um título que não alcança desde 2009. Há muito tempo não perdemos atletiba, eles têm sido fregueses, mas isso não durará para sempre. Um dia eles vencerão, como já venceram, as estatísticas estão aí. Que não seja agora que voltem a vencer, mas lembro do que dizia o frasista de obviedades, Renê Simões (o conselheiro Acácio dos tempos modernos), sobre o fato de uma equipe estar a muito sem perder: “Quanto mais tempo sem perder, mais perto estará de sê-lo”.
Temos time melhor, estou convencido, mas a história mostra que no futebol a lógica muitas vezes prega peças. Todos devem lembrar-se de algum episódio em que o favorito foi derrubado pelo adversário. Lembram-se do Internacional vencendo ao Barcelona, tido como o melhor do planeta, no campeonato mundial de clubes em 2006, com gol do Adriano Gabiru? E não se pode esquecer que é atletiba, clássico que raramente mostra desequilibrio enre as equipes depois que a bola começa a rolar.
Já ouvi argumentos no sentido de que só a torcida estaria se comportando assim, os jogadores e a comissão técnica não. Espero que sim, mas todos eles vivem em sociedade e são amigos ou vizinhos de torcedores, os encontram na rua, nos supermercados e nos shoppings centers, não sendo difícil que o exagerado entusiasmo da torcida e de parte da mídia os contagie.
Por isso, pessoal, confiança, mas com prudência. Nada está ganho, e se em tese temos melhor time, de nada adiantará essa qualificação se nos dois próximos finais de semana possível excesso de confiança e arrogância nos levar a desconhecer as nossas limitações e os méritos do adversário e sofrer uma derrota. Diz o provérbio que “A soberba precede à ruína; e o orgulho, à queda”. Um único gol pode decidir o campeonato em dois resultados de um empate e uma vitória simples. Não é tão difícil assim, para um lado e para o outro. Se os jogadores e a comissão técnica estiverem conscientizados disso, já estarão dando um grande passo para a conquista.
Muita confiança, mas com prudência, repito.
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