Bola de Couro
Não vou falar sobre o triste episódio que enfeou o último atletiba e que fez o futebol paranaense ser notícia nacional negativa. Aguardam-se desdobramentos na justiça desportiva e espera-se que as punições sejam exemplares, principalmente quanto à invasão de campo e agressão praticada por um torcedor.
Mais um atletiba sem vitória. Nos últimos onze a vencemos apenas um. Embora as estatísticas nos sejam favoráveis na história do clássico, nos últimos anos temos sido nós os “fregueses”, os números estão aí.
Não podemos negar que o rival se estruturou muito bem desde o final do século passado e temos muito caminho a percorrer para alcança-los e novamente ultrapassa-los. Administrativamente parece que o melhor está sendo feito para o nosso clube crescer, embora ainda sem reflexos em campo, muito por sucessivos erros de contratações no plantel ou no comando técnico.
Mas quero tratar de outro aspecto.
Refiro-me ao conformismo de parte da torcida que, após o resultado de domingo, nas redes sociais fala que o empate foi bom, pois eles têm mais time e jogaram melhor do que nós. A maioria não disse assim, mas o número dos que afirmaram assim não é desprezível.
Isso pode ser verdade. Até o momento em que tomamos o gol de empate jogávamos satisfatoriamente e a partir daquele momento o time desandou. Mas nem por isso não devemos aceitar como normal o ânimo de alguns, de quase submissão ao rival e conformismo.
Nelson Rodrigues – dramaturgo, escritor e jornalista esportivo, quem não conhece pesquise e verá que era genial – afirmava que até sermos campeões do mundo pela primeira vez, os brasileiros sofriam do que denominava “complexo de vira-latas”, ou seja, aceitavam passivamente o insucesso e se autodepreciavam.
Jamais, salvo em circunstâncias excepcionais, a falta de vitória em atletiba pode ser considerada como um resultado “até bom”, como li em algumas manifestações nas redes sociais. Racionalmente pode ter sido, mas não em termos de ânimo e espírito de vencedor.
O Coritiba passa por um momento delicado nos últimos anos, com idas e vindas à segunda divisão, mas tem uma bela história e temos que resgatá-la, especialmente a partir do não conformismo diante do crescimento do rival. O caminho é longo e árduo, já está encaminhado com a modernização do clube e a forte possibilidade de logo sermos uma SAF. Aguardamos que isso se reflita em campo.
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