Bola de Couro
Grande parte dos torcedores está entendendo que a volta do Manga deve prevalecer sobre o pensamento do coordenador técnico do clube quanto à prevalência de valores morais, e com muita propriedade o estimado confrade Brandão – a quem muito admiro - defendeu esse modo de pensar. Mas não entendo assim e tentarei contraditá-lo, embora não seja fácil a missão dada a qualificação da coluna por ele hoje postada. Não temo ser contramajoritário, escrevo conforme minhas convicções e consciência.
Penso que coordenador técnico do Coritiba está certo ao dizer que valores éticos e morais devem acompanhar a gestão de um clube de futebol, aliás em qualquer ramo da atividade, ouso dizer sonhando como o personagem Cândido de Voltaire.
Manga errou gravemente, foi desleal com o clube que lhe pagava polpudos salários e o prejudicou, e o mero cumprimento da pensa imposta pela justiça esportiva não é argumento suficiente para reintegrá-lo na equipe, onde poderá ser uma espécie de “laranja podre no cesto”. O débito moral para com o clube e a torcida não serão apagados. Com que confiança o veremos em campo se for reintegrado e voltar a receber cartões em punição? Os mesmos que hoje o querem provavelmente não estarão entre os que o vaiarão e pedirão a sua saída? E como o elenco o receberá sabendo o que fez? É notório que ele não sabe controlar as emoções, tanto que em 2022 recebeu nada menos do que doze cartões amarelos (fonte Transfermarkt). Isso sendo atacante, quando sabemos que infrações que levam a tais punições são comumente praticadas por zagueiros e volantes.
E amigos, o Manga não é “a última bolacha do pacote”, nem o salvador que, segundo alguns, por si só nos permitiria o acesso à primeira divisão, conquista que exigirá muito mais em face da fraca equipe que temos. Sua eventual reintegração não é certeza de que ajudará um pouco a equipe, no cálculo do lucro e prejuízo penso que este último pesará mais.
O Coritiba errou ao não o dispensar tão logo condenado pela justiça desportiva, quando poderia fazê-lo até mesmo por justa causa, mas sempre é tempo de corrigir equívocos, como agora parece que ocorrerá. E não se fale em dupla punição, pois uma foi na via da jurisdição esportiva e a outra será na esfera administrativa, devendo prevalecer o entendimento do empregador quanto aos valores que entende adequados para o clube.
Observe-se, por fim, que ao que se deduz do noticiário Carlos Amodeo quer o Manga e o Autuori não. Como até há pouco se gritava “fora Amodeo”, melhor ficar com a postura de um profissional que sabidamente entende de futebol do que com a de um “gestor” que muito mais errou do que acertou.
Antes do Manga, e maior do que ele, o clube.
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