Bola de Couro
Na década de 1970, assim como o Coritiba reinava no futebol paranaense, no Rio Grande do Sul o grande vencedor era o Internacional. Foi campeão brasileiro em 1975 e 1976 e até 1976 tinha oito títulos estaduais consecutivos. O Grêmio, por sua vez, vivia um período depressivo, com baixa auto estima da torcida e todas as tentativas que fizera até então para mudar a situação redundaram em fracasso.
Tentando mudar esse quadro, o presidente do Grêmio contratou, no final de 1976, o técnico Telê Santana. Era consenso que o elenco deveria ser totalmente reformulado e então o dirigente indagou do Telê que perfil de jogadores ele pretendia.
Telê, sabendo que tanto quanto técnica os jogadores precisavam ter personalidade forte para reverter a situação, respondeu:
- Contrate homens!
Assim foi feito e o Grêmio virou a tendência. Aliás, dentre os “homens” que o Grêmio contratou estava o nosso Oberdan, que tantas glórias teve no Coritiba e que no RS se impôs como zagueiro e líder e até hoje é lembrado e considerado ídolo da geração que viveu aqueles tempos.
É o que parece necessita o Coritiba.
Sei que o mercado do futebol de hoje é bem diferente daquele de 40 anos atrás. O foco quase que exclusivo dos atletas é alcançar um bom contrato e tentar aparecer para o mercado internacional, nem que para isso tenha que jogar bem. Outros, em final de carreira, procuram clubes que lhes sirvam de "encosto". Hoje talvez constituam minoria, mas ainda há muitos jogadores com caráter que procuram se doar ao clube que defendem. No Coritiba, porém, nos últimos anos compusemos nossos elencos com um grande número de mercenários, ciganos e desinteressados, sem comprometimento com o clube que lhes pagava polpudos salários. No ano que termina essa constatação foi gritante. Exemplos maiores neste ano, dentre tantos que poderíamos citar, Alecsandro, Anderson (para os quais o Coritiba serviu como INSS) e Galdezani. Sem contar a deslealdade e falta de ética do Thiago Carleto que, ainda jogando pelo Coritiba, já tinha contrato contra o nosso rival maior. Essa falta de comprometimento nós vimos claramente nos últimos jogos do ano, em especial no último, onde poucos pareceram sentir o mau resultado. Enquanto a maioria se mostrava desinteressada e perdida em campo, a Chapecoense, que saiu das cinzas e cuja folha salarial é bem inferior à do Coritiba, lutou até os últimos segundos para reverter o resultado.
Então, se o novo presidente puder me ouvir, sugiro que aja conforme o conselho do Telê Santana. Contrate jogadores bons tecnicamente, mas homens com caráter e que venham a gostar de jogar no Coritiba ou aprender a tal. Para os quais não seja o Coritiba, como tem sido, um clube para servir como passagem para outros ou para encerrar a carreira.
Ah, e dê uma olhada na área da fisiologia do Coritiba. Lesões se multiplicam e o preparo físico, como se viu nos últimos minutos do último jogo, é carente. O preparador atual é muito simpático e sorridente, mas talvez esteja na hora de mudar.
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