Bola de Couro
Escrevo antes do jogo, pois seja qual for o seu resultado não irá mudar a intenção do que quero dizer.
Muito se tem dito sobre o caminho equivocado que a nova diretoria do Coritiba está tomando. Montou um time fraco, integrado por jovens que ainda poderão brilhar, mas precisam de experiência, e ao lado deles manteve veteranos devolvidos por outros clubes e mais alguns contratados cujo passado e o que mostraram em um jogo que deveria ser fácil não os recomenda. Na escolha deles, um profissional com currículo pobre e pelo que mostrou até agora de poucas luzes.
A cada fracasso os associados recebem uma nota da direção dizendo que a prioridade é a Copa do Brasil – até quando? – e reiterando a velha catilinária de que encontraram o clube em situação quase falimentar e assumiram o compromisso de encontrar equilíbrio financeiro.
Vejo em vários comentários aqui e nas redes sociais, propostas para que a diretoria renuncie e sejam convocadas novas eleições.
Não é esta a solução.
Quem me lê, e a outros, talvez não possa imaginar o quanto tem sido dolorido bater na mesma tecla há alguns anos – com alguns períodos de oásis aqui e ali – para apontar erros e fracassos.
Eu gostaria de escrever sempre, ou no mais das vezes, elogiando a administração e o sucesso do clube. Quem não gostaria? Ou alguém pode afirmar que o torcedor prefere a crítica pela derrota à alegria pelo sucesso? Claro que não.
Por isso amigos, devemos afastar essa ideia de renúncia coletiva. Isso não acontecerá e teremos que conviver com a atual direção até 2020.
O que devemos fazer não é “prestigiar” a direção como seus membros às vezes pedem, mas sim apontar erros e soluções para que haja uma correção efetiva de rumos. Do contrário, a prosseguirem as coisas como estão, é muito difícil prever outro futuro para o Coritiba que não o de cada vez maior declínio.
Se alguém da direção puder me ouvir*, desde já aponto duas medidas que penso poderiam auxiliar na recuperação do clube e da própria gestão.
A primeira é pedir para que não fiquem insistindo que o fracasso se justificaria pela má situação financeira. Toda a torcida sabe disso e está cansada de ler e ouvir a lamúria. A gestão anterior bateu muito nessa tecla e de nada adiantou. Sem dúvida a situação é difícil e contenção de despesas é necessária. Mas a recuperação não virá se se ficar só nisso. Há que investir no futebol, pois sem sucesso no campo as arrecadações cairão cada vez mais. Menos público nos jogos, torcedores deixando de ser associados, menor patrocínio e, se não voltarmos à série A, redução substancial da quota de TV, a maior receita. É uma equação que vale para toda atividade econômica. Contenção de gastos aliada a resultados.
E a outra é procurar mudar os nomes de quem busca jogadores no mercado. O que aconteceu até agora neste ano é desanimador. Contratações de jogadores com passado inexpressivo, sem potencial, entre eles um atacante que há mais de dois anos não sabe o que é fazer um gol. Precisamos de alguém que conduza esta área que tenha um currículo bom, por mínimo que seja para caber no nosso orçamento, com resultados positivos em outros clubes. Errar uma ou outra vez é aceitável, mas errar em todas não se pode admitir. Não acredito que haja má-fé ou interesses não revelados nas contratações, mas sim muita incompetência. Ah, e contratar através de impessoal e frio software, o Unifc, sem dúvida é prática cômoda de quem não conhece futebol e que deve concorrer para os erros.
Já ocupei demais o espaço adequado para uma coluna e voltarei, certamente enriquecido pelos comentários dos amigos.
* Integrantes das duas últimas diretorias facultaram para mim os seus telefones de modo que sempre mandei para eles minhas colunas via WhatsApp, mesmo quando fazia críticas duras – sempre respeitosas e impessoais. De modo altivo sempre receberam, mesmo discordando, e às vezes responderam dando esclarecimentos. Com o atual presidente não tenho este contato. Mandava meus textos pelo Messenger, mas ele deve ter saído do sistema pois não mais consigo.
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