Bola de Couro
O técnico Paulo César Carpegiani anunciou, com o campeonato em curso e o Coritiba ainda em situação delicada na tabela, que deixará o clube no final deste ano, entre outros motivos porque quer “dar uma paradinha” e porque “os campeonatos estaduais não fazem muito o meu feitio", ou seja, não estariam à sua altura.
Tem todo o direito de sair, e pela instabilidade que mostrou provavelmente não seria mesmo convidado a ficar.
Mas não poderia fazer esse anúncio somente para a direção do clube? Por que torná-lo público com o campeonato em momento crítico e o Coritiba ainda necessitando de alguns bons resultados para se livrar do rebaixamento? Como ficará o relacionamento com os atletas nos quatro jogos que faltam, sabendo eles que não mais o terão como comandante no próximo ano? Isso não pode provocar alguma instabilidade?
Em 1995, na tentativa para voltar à série A do campeonato nacional - depois do rebaixamento por “canetada” em 1989 - o Coritiba, sob o comando do Carpegiani, disputou a penúltima fase classificatória em uma chave com Mogi-Mirim, Remo e Ceará. Depois de três empates e uma derrota, esta para o Mogi-Mirim, o Coritiba somente se classificaria para a fase final se vencesse ao Remo e ao Ceará (em Fortaleza), necessitando contar ainda com tropeço do mesmo Remo perante o Mogi-Mirim na última rodada. Diante de tal situação, o técnico Carpegiani jogou um balde de água gelada nos seus atletas e ainda no vestiário, logo após a derrota, disse que não acreditava mais na possibilidade de o Coritiba subir à primeira divisão. Diz a história que ainda no vestiário o presidente Edson Mauad demitiu o Carpegiani e entregou o time aos cuidados do Krüger. O Coritiba então venceu ao Remo em casa e ao Ceará fora e, contando ainda com o tropeço daquele perante o Mogi-Mirim, avançou para a fase final na qual se sagrou vice-campeão, retornando à série A apesar do desânimo e do desestímulo do ex-técnico.
Esse é o Carpegiani que o Coritiba neste ano tirou do ostracismo. Espero que agora não jogue a toalha e ajude o Coritiba a se livrar do rebaixamento, se bem que a esta altura isso dependerá muito mais dos jogadores do que dele. Pelo menos que antes de sair ele escale os jogadores nas posições específicas de cada um, e do mesmo modo os substitua. Depois, que vá em paz tratar de campeonatos que entende que estão à sua altura e neles fazer as suas invenções.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)