Bola de Couro
Ainda estou contente com a bela vitória de ontem e na esperança de que desta vez o time engrene e nos traga confiança. Já estamos cansados de nos animar quando de uma vitória para logo adiante cairmos em depressão. Mas o jogo contra o São Paulo foi um indicativo de que talvez dias melhores virão. Aguardemos com serenidade.
Hoje vou fugir de análises sobre o time, seus defeitos e qualidades, para me focar em dúvidas que tenho quanto ao excesso de lesões que nossos atletas têm sofrido.
Não tenho qualquer formação em fisiologia, mas se de um lado vivemos tempos em que todos dão opinião sobre tudo, por outro ainda tenho algumas lembranças das aulas de Medicina Legal do professor Rozala Garzuze, na Faculdade de Direito de Curitiba lá nos anos 1970.
Ali aprendi que a expressão “lesão”, ao contrário do que se popularizou no futebol, é o nome genérico para todos os eventos que causam danos ao tecido corporal. Distensão, estiramento, contusão, contratura, corte, fratura, tudo é lesão. Contusão, como é comum dizer no futebol para todos os eventos, é tão somente o dano físico causado por trauma.
Pois bem, o número excessivo de lesões musculares que os nossos atletas têm sofrido na classe de distensão, estiramento e ruptura impressiona. São lesões que não decorreram de traumas (pancadas), fraturas ou torções, mas de esforço muscular.
Assim ocorreu ontem com o jovem Thalisson, que com três minutos em campo sentiu o músculo da coxa se rompendo – foi o que disse em entrevista – em lance que não exigia nenhum esforço maior do que uma corrida. Do mesmo modo, nos últimos tempos, considerando também o campeonato estadual, sofreram ou ainda se recuperam de distensões e estiramentos Alan Santos, Anderson, Walisson Maia, Werley, Iago (também com poucos minutos de participação), Rodrigo Ramos, Galdezani e Alecsandro (esqueci alguém?).
Todos esses foram vítimas de ações decorrentes de esforço muscular e não de choques ou torções. Todos nós sabemos, não é necessária formação técnica no assunto, que para evitar que o esforço muscular cause lesões é essencial um bom trabalho de fortalecimento, alongamento e aquecimento antes de exigir dos músculos. Ver um atleta muito jovem como o Thalisson sofrer uma distensão (ou ruptura ou estiramento) muscular com apenas três minutos de atividade, parece indicar que algo não está bem na preparação física do Coritiba.
Sei que sou apenas um curioso e que o preparador físico do Coritiba tem larga bagagem no futebol e é portador de um belo currículo e não posso ir além das minhas chinelas para contestar o seu trabalho. Mas, na minha visão de leigo que às vezes sabe mais por velho do que por sabido, parece-me que o número e semelhança dos casos de lesões que os atletas do Coritiba têm tido por esforço muscular – muitas vezes pequenos - traz no mínimo uma razoável dúvida sobre se o trabalho de preparação física está sendo bem feito.
Há um provérbio chinês que diz: Cavalo ganhou uma vez, sorte; cavalo ganhou duas vezes, coincidência; cavalo ganhou três vezes, aposte nele! Em outras palavras, nem tudo é acaso, nem tudo é sorte ou azar, sempre há uma causa.
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