Bola de Couro
No momento em que a probabilidade de o Coritiba ser mais uma vez rebaixado para a segunda divisão é de 65%, repetindo as idas e vindas que vêm acontecendo nos últimos dez anos, é difícil fazer uma análise precisa (e menos ainda fria, já que somos tocados pela emoção) dos fatos que levaram a isso, tantos que foram.
Elegemos a atual diretoria na esteira da liderança do mito Follador, que nos empolgou, mas infelizmente quis o destino que ele nos deixasse. A novel diretoria, integrada por homens sérios e capazes, mas sem vivência no futebol, encontrou um clube arrasado moral e financeiramente e mais uma vez rebaixado dentre as tantas vezes na sua história.
Começou promissora, em que pese um fracasso clamoroso no campeonato estadual do ano passado, mas a partir de então entusiasmou o torcedor, montando um time suficiente para voltar à série A do brasileiro, sendo campeão regional passando pelo maior rival, o que levou o clube a ter mais de 40.000 associados.Na questão financeira se houve com acerto buscando recuperação judicial diante do estado pré-falimentar do clube e depois obtendo autorização do quadro social para a criação da SAF.
Mas errou muito no futebol. Eu não estou dentre aqueles que afirmam “eu sempre disse, ou eu já dizia”. Confesso que após o estadual e o início do campeonato brasileiro quis crer que o time estava embalado, com o meu subconsciente me fazendo esquecer que em 2017 fora mesma coisa, chegamos até a nos posicionarmos como líderes para no final sofrer rebaixamento.
Há uma série de causas que nos levaram a esse estado de coisas, e certamente os leitores terão outras a apontar além das que alinho.
Por primeiro, a contratação do René Simões como diretor de futebol foi um erro. Ele praticamente se ofereceu para ser contratado e foi um dirigente que mais fazia textos bonitos e frases de efeito e não acertou nas contratações e na condução do vestiário.
René era o primeiro responsável pelas contratações, embora se diga que haveria um grupo que as avalizaria antes de a direção homologar. A “janela” de julho foi mal aproveitada, com a contratação de jogadores desconhecidos sem que o histórico tenha sido considerado como, por exemplo, o caso do Boschillia que sabidamente sofre contínuas lesões, tanto que na sua estreia não conseguiu terminar a partida. No mesmo diapasão o goleiro Gabriel que chegou e já foi entregue aos médicos do clube. E dos “castelhanos” que chegaram espera-se ainda ver o que podem oferecer, até agora são ilustres desconhecidos.
Depois, a insistência com o Morínigo a partir dos fracassos contra o Bragantino, o Athletico e o Juventude. Em que pese eu ainda o tenha como bom técnico, no futebol há momentos para todos os envolvidos e o seu passou. Um fato novo, a contratação de outro técnico que poderia motivar o elenco e criar opções para não repetir erros, era fundamental, mas demorou muito para acontecer.
Por fim, muitos jogadores têm responsabilidade pelo insucesso. Alguns por deficiências técnicas como, por exemplo, Biro, Val, Mateus Alexandre, Régis, Rafael Williams e Neílton, e outros por claro desinteresse, mostrando que “não estão nem aí” desde que recebam os seus salários, como é o caso do Alef Manga que, como já dito por um confrade joga mais para si, e no rol dos desinteressados se inclui novamente o Régis, além do Robinho e do Tony Anderson. Um elenco muito fraco e em parte sem apetite para a vitória, dentro do qual poucos remanescentes do ano passado servem para disputar a série A, e muitos dos contratados para este ano foram mal escolhidos.
Não há mais o que fazer em termos de plantel, afora os afastados por indisciplina, é o que temos para ir até o final do campeonato.
Mas há algo que pode ser feito e que provavelmente gerará resultados. A assunção de um diretor de futebol que tenha vivência na área, além de liderança e controle do vestiário, sabendo lidar com os “boleiros”, de modo a que pelo menos passem a gostar de jogar no Coritiba e tenham disposição para a vitória mesmo superando carências técnicas. Talvez alguém que no Coritiba já tenha vivido sucessos e até mesmo fracassos. Sem isso o elenco não terá “tesão” para jogar e as intrigas e lesões mal explicadas continuarão a acontecer. Aguardemos que já estejam pensando nisso. Fico tentado a dar palpite para um nome, mas vou deixar no ar.
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