Bola de Couro
Os que acompanham minhas colunas sabem que, desde que aqui aportei, nas situações difíceis sempre procurei ser moderado e raramente pessimista ou alarmista (não é recomendável se auto julgar, mas imagino que eu seja assim). Sempre vi qualidades na administração do clube, na direção técnica e em alguns jogadores, não só as falhas. Mas jamais assim agi de modo irrestrito e tampouco ao ponto não mudar de ideia e nem tornar alguém imune a críticas quando merecidas. O futebol é dinâmico e quem o comenta tem obrigação de ser leal aos seus princípios, claro que, em sendo cronista-torcedor, sempre procurando o que entende melhor para o seu clube. Nem crítico sistemático e nem um fundamentalista cego aos erros.
Pois bem, é fato certo, a esta altura, que embora o entusiasmo inicial na passagem da série B para a A, com conquista do campeonato estadual no caminho, o nosso time não nos traz confiança e foi mal montado para um campeonato da envergadura do que estamos disputando.
De início permitam dizer que a culpa não é muito dos maus jogadores que temos. Eles – os que se encaixam neste conceito, pois sem dúvida alguns não - são tecnicamente fracos porque é da essência de cada um a falta de talento. Jogador de futebol pode até ser formado desde a infância ou a adolescência, mas deve ter necessariamente cumplicidade com a bola. Dificilmente – digo até que é quase impossível – você poderá tornar um bom jogador um atleta que, embora com todas as condições físicas necessárias e treinamento de todos os fundamentos, não tenha afeição com a bola. Ela é muito suscetível e castiga quem não a trata bem. Quem não nasce para a arte do futebol não tem como praticá-la bem, não adianta forçar. Não vou citar nomes, sempre haverá quem no Coritiba quem se encaixe nesses conceitos.
Mas a culpa é mais de quem os indicou, ou de quem os escolheu, ou de quem os aprovou. Embora na montagem de um time seja permitida uma margem de erro e compreensão, pois em todos acontecem decepções e apostas que não se confirmam, penso que no caso do Coritiba essa quota foi ultrapassada. Dois novos nomes foram anunciados nos últimos dias, mas nenhum de entusiasmar. Um deles sem jogar há muito tempo e sem nenhum currículo. Será que desta vez haverá acerto? E se acertados, serão suficientes para mudar a situação que enfrentamos?
Acho pouco. Esse quadro exige no Coritiba a prática de um fato novo que sacuda e motive o ambiente (motivação, a esta altura, é fundamental, até porque se vê uma certa apatia em alguns jogadores). E isso passa por reflexão acerca da manutenção da comissão técnica. Sei que há uma filosofia de trabalho a longo prazo, proclamada desde o saudoso Follador, mas parece-me que o tempo de paciência e espera está se esgotando. Embora de reconhecer o sucesso na série B e no campeonato estadual, houve um claro desgaste na comissão técnica que a esta altura parece difícil superar. Não podemos ficar ouvindo e lendo, a cada insucesso, que os jogadores não souberam compreender o esquema, que fomos surpreendidos pelo adversário (impaciente, não esperou que o nosso time se ajustasse em campo e já foi fazendo gols), ou que vamos trabalhar mais para ter sucesso na próxima partida. Não dá mais.
Os nossos dirigentes merecem voto de confiança. Pegaram um clube em vias de falência, e com cuidado, de modo seguro e gradual estão procurando solucionar as pendências, mas nem por isso devem ser absolvidos pelos maus resultados em campo. Sei que nenhum deles, homens bem sucedidos com invejáveis currículos empresariais e imbuídos do melhor desejo pelo bem do Coritiba, têm vivência no futebol. Conscientes disso foi que contrataram quem a tenha, mas parece-me que aqui também um fato novo está se mostrando necessário.
Enfim, algo tem que ser feito, um fato novo fundamental e renovador ter que ser gerado. Do contrário um caminho quase sem volta se apresentará para o nosso Coritiba.
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