Bola de Couro
Finalmente terminou a novela Ronaldinho.
Não que a direção do Coritiba tenha tomado juízo ou se sensibilizado pelas manifestações da esmagadora maioria dos torcedores contrários à contratação do ex-jogador, mas sim porque ele não quis. (Aliás, desde quando a opinião da torcida interessa?) Depois de um namoro no qual o Coritiba era o pretendente, a dupla Assis/Ronaldinho esnobou nosso clube, deixando os membros da direção favoráveis à contratação com caras de tolos, o que foram desde o início do processo. Ou no mínimo ingênuos, atributo que também desqualifica quem comanda qualquer entidade.
Curiosa direção essa que desde que assumiu se justifica por não qualificar o time em razão do passivo financeiro – como se fosse uma novidade e não acontecesse com outros clubes – e por isso não manteve um dos melhores zagueiros que apareceram nos últimos anos, mas que parece ter outro cofre que abriria para contratar um ex-jogador.
Mas certamente logo os diretores favoráveis à irresponsabilidade absorverão o fato de terem sido feitos de bobos, tal como os torcedores temos feito há muito tempo. Estamos acostumados a absorver desilusões e continuamos amando o Coritiba, mantendo-nos associados e frequentando os jogos apesar de tudo que é feito para nos desmotivar. Dos diretores espero que pelo menos saibam usar o episódio para uma autocrítica.
A infeliz tentativa de contração do ex-jogador é apenas mais uma mostra de que a atual direção é mal sucedida e fracassada. Não há como dourar a pílula moderando as palavras, é fracasso mesmo. Sei, eles ainda têm dez meses para obter alguma conquista. Mas diante do andar das coisas alguém acredita em possível sucesso neste ano? Talvez conquistar o estadual com alguma sorte e se o rival desprezar a disputa ou um time pequeno não nos atropelar? Sempre é bom vencer a competição local, mas isso não basta e não satisfará a uma torcida que é injustamente acusada de exigente quando em verdade é paciente (até quando?) e sofredora. E por melhor que seja a eventual conquista do título estadual – invicta já sabemos que não – o fato não apagará os erros e fracassos da atual direção. Só a conquista de um título nacional ou internacional poderá nos satisfazer e equilibrar a conta da gestão. Mas aí é sonhar demais.
O balanço da gestão no que interessa, qual seja o futebol, finalidade e razão de ser do clube, até agora tem uma extensa coluna de perdas e nenhuma de lucro. Torço para que isso mude um dia, mas diante do que temos visto é extremamente difícil crer em algo melhor para tão cedo.
Só uma revolução ou refundação poderá salvar o futuro do Coritiba, mas nada indica que isso possa acontecer tão cedo em razão do que têm mostrado os homens que comandam o clube. O G5 não se entende, um dos eleitos renunciou sem explicar as razões, outros foram afastados por má conduta e o presidente está usando a tática da avestruz, fugindo dos meios de comunicação e de contestadores. Veja aqui, interessante matéria a respeito.
A esta altura, parece que temos que torcer para que o ano passe depressa, pelo menos se mantendo o clube na primeira divisão, para que logo cheguem as eleições. Não para receber mais promessas infundadas, mas para que nomes de homens capazes e que amam o Coritiba queiram e saibam reerguê-lo diminuindo a distância que mantemos atrás de tantos clubes brasileiros, inclusive o rival maior.
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