Bola de Couro
Há muito tempo, ao escrever sobre o Coritiba corro o risco de ser repetitivo. Acho que todos os amigos leitores também. O que nos resta para dizer? Repetir que temos um time fraquíssimo, mal montado por gestores inexperientes e incompetentes, comandado(?) por um suposto técnico que não consegue dar um mínimo de padrão de jogo ou levar o time a mostrar uma única jogada decorrente de treinamento? Ou quem sabe falar sobre a vida sexual dos lepidópteros seja mais fácil?
Vi muitas falhas no jogo contra o Fortaleza, mas como foram praticamente as mesmas de quase todos os jogos, hoje não vou analisar a carência técnica e tática de um time que desde o começo do ano ainda não jogou uma partida convincente sequer. Poderia falar no segundo gol do adversário, quando três dos nossos defensores praticamente ficaram pedindo autógrafo para o atacante. Poderia falar na péssima jornada do Thiago Lopes que há muito provou que não nos serve. Poderia falar do primeiro gol quando o Wilson (mal posicionado na origem do lance) ficou sozinho contra três atacantes. Poderia falar de tantas coisas, mas não o farei pois seria quase um copiar e colar.
Mas hoje me pareceu que devo ressaltar um aspecto que já vinha observando, qual seja a indiferença ou o descompromisso de muitos dos nossos atletas, que “nem estão” para o andamento do jogo e o resultado, atuando como um “barnabé” que apenas cumpre o expediente de olho no relógio e nada produz. Sem nenhuma ou com pouca técnica, temos jogadores para os quais parece que pouco importa se o Coritiba vai vencer ou não – desde que os seus salários sejam religiosamente pagos. Assim vejo Ullian Correa, Jonas Belusso, Yan Sasse, Rodrigo Ramos (!) e tantos outros. Assim vi na malemolência com que quase todos iam disputar as bolas, fugindo das divididas. Assim ouvi o técnico afirmando após o jogo que hoje – só hoje ?– foi uma jornada infeliz, transferindo a responsabilidade para os atletas, e querendo se iludir com a ideia de que temos time para subir.
E tudo isso coroado por uma administração que não se comunica, que não exige, e que se mantém impávida como se estivesse a navegar no sucesso. Uma administração que, indiferente, não vê o que está escancarado na sua frente, qual seja incompetência de quem vem indicando os pseudos jogadores contratados neste ano. Sei, estão procurando equalizar as dívidas; sei, pintaram o estádio; sei, tiveram uma iniciativa com a confecção própria dos uniformes que talvez possa dar certo. Tudo isso é bom. Mas e o futebol? O Coritiba não é uma empresa de auditoria, nem de decoração e também não de confecção de vestuário. O Coritiba é um clube de futebol, como já ressaltou neste espaço o confrade Sérgio Brandão. E futebol é o que menos tem.
A indiferença é um sentimento mais cruel do que a condenação ou o repúdio. E é contagiosa, pois vejo inúmeros torcedores afirmando desistir de acompanhar o time e associados desistindo de pagar (alguns como forma de protesto, é verdade), ou seja, indiferentes tais e quais o time e o comando do clube.
Este é o perigo. A indiferença ou descompromisso dos que estão dentro do clube está contaminando a torcida. E se há torcedores que nunca abandonam, na mesma intensidade há os que são torcedores de resultados. É assim, com maior ou menor intensidade, em todos os clubes de futebol. Mas no Coritiba os que não abandonam estão envelhecendo e o clube não está conquistando novos torcedores. Uma geração está se formando vendo o Coritiba que os seus pais, avós ou tios dizem ter sido um dia grande, mas que os jovens não conseguem ver.
O retorno à série A ainda é numericamente possível. Temos vinte e oito (28) pontos em cinquenta e sete (57) disputados, ou 48%. À frente temos a disputa por mais cinquenta e sete pontos (57). Considerando o histórico dos últimos campeonatos da série B, com sessenta e seis (66) pontos talvez seja possível se classificar. Ou seja, no segundo turno temos que somar trinta e oito pontos (38), equivalente a 58%, pelo menos. Difícil para um time que não fez nenhuma apresentação convincente em todo o ano e que muitas vezes venceu mais pelo acaso ou pela sorte. O horizonte é nebuloso, quando não muito escuro.
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