Bola de Couro
Todo ser humano deve ser dotado de sensibilidade que, segundo o Aurélio, é “a propriedade do organismo vivo de perceber as modificações do meio externo ou interno e de reagir a elas de maneira adequada”. A medida da sensibilidade deve ser exata, uma vez que se demasiada o ser humano se deixa comandar preponderantemente pela emoção, não agindo ou decidindo corretamente, e se insuficiente ou inexistente não consegue captar o que ocorre à sua volta e age exclusivamente com o que pensa ser a razão, também errando no decidir e até mais do que na primeira hipótese.
Dos homens que comandam qualquer segmento social é exigida boa sensibilidade, aquela na medida exata. Assim, dos governantes se exige sensibilidade política, captando o que a povo pensa e deseja, dos empresários se espera sensibilidade ao mercado sob pena de insucesso comercial, aos educadores é importante sentir as condições dos educandos, aos pais é fundamental sensibilidade em relação aos filhos e entre enamorados, nem precisa dizer, a sensibilidade é vital. E assim em todas as áreas, inclusive na relação torcida e clubes de futebol.
Tais considerações me veem à lembrança ao ver que há muito a torcida do Coritiba clama por mudanças radicais no time – já que na administração financeira do clube estão sendo providenciadas – e a direção parece fazer ouvidos de mercador ou pensa solucionar enchendo o estoque com ilustres desconhecidos, enquanto paradoxalmente o técnico está sempre a ver pontos positivos em sucessivos fracassos que estão levando a equipe à zona do rebaixamento (mais um?!).
A desarmonia entre a torcida e a comissão técnica, nela incluído o “head” esportivo, existe há muito, em que pese tivéssemos uma convivência boa e esperançosa desde a campanha do retorno para a série A com a subsequente conquista do título estadual. Mas agora, depois daquele reconhecido sucesso, são evidentes as contradições no comando da equipe, seja por contratações que não entusiasmam, ou seja pela insegurança do treinador na escalação e substituições. Aliás, se, como dito antes do jogo de ontem, foram treinadas variações de jogadas e táticas, só podemos concluir que ou isso não aconteceu, ou o treinador não soube passar a mensagem ou os limitados jogadores não souberam compreendê-las, pois nada vimos na partida.
A esta altura infelizmente pode-se dizer que a comissão técnica e direção de futebol estão para nós, torcida, como um casamento que foi feliz por algum tempo, mas que chegou a hora crítica em que o desgaste na relação se torna insuperável e leva à separação.
Pois falei em insensibilidade e pergunto: será que a direção, composta por homens sabidamente bem-intencionados e idealistas, não está sensível ao que quase todos estão dizendo e se manterá cegamente obstinada na manutenção do que não está dando certo?
E a comissão técnica? Não percebe que está como quem se encontra em uma festa onde não consegue conversar, as moças não o querem para dançar e a todo o momento há alguém olhando para o relógio esperando o fim?
Sensibilizem-se senhores! Ainda há tempo não só de nos salvar do rebaixamento como de alcançar uma classificação honrosa. Basta alguém saber extrair das limitações do elenco o que cada um pode dar. Já tivemos times de sucesso com elencos medianos, mas com bons treinadores, exemplo maior foi o da conquista do título nacional, quando o time individualmente era inferior aos da década de 1970, mas tinha um treinador que sabia ser pragmático e tirar de cada atleta o máximo que cada um podia dar. E é sabido que em clubes de futebol fatos novos e tratamento de choque muitas vezes são úteis, os exemplos são inúmeros.Como está não dá para continuar.
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