Bola de Couro
Derrota em atletiba é sempre dolorida. Mas algumas, como a de ontem, são mais. Tenho na minha vivência como coxa-branca três derrotas em atletibas que me feriram muito: a de 1971 quando vencíamos o jogo por 2 x 0 e deixamos o rival virar para 4 x 3; a de 1990 (empate, mas com gosto de derrota) do famoso gol contra do Berg que nos tirou o título de campeões; e a de ontem, quando jogamos muito, mas muito melhor do que o adversário e uma precipitação do nosso goleiro fez com que, já ultrapassados cinco minutos do tempo regulamentar, sofrêssemos o gol.
Foi um final de tarde e noite muito dolorido para a minha alma, a dor parecia física. O resultado foi que não consegui dormir antes de perto do amanhecer, pensando no jogo, na campanha do Coritiba e nos acontecimentos extracampo de ontem e dos últimos tempos.
Não bastasse a derrota, dois energúmenos invadiram o campo e outros do mesmo quilate atiraram copos nos jogadores do adversário, segundo a súmula do árbitro com líquido amarelo, um eufemismo para não dizer urina. A punição pela justiça desportiva é muito provável, praticamente certa, ainda mais considerando que pseudos torcedores já nos criaram sérios problemas (invasão de campo em 1989, quebra-quebra de uma turba em 2009, brigas nos estádios ou no entorno) e os antecedentes não são bons.
Foi pouco? Também perdemos o Diego Porfírio e o Warley por expulsão, este último provavelmente receberá pena severa pois atingiu fisicamente o árbitro, e ainda tivemos o Tony Anderson se somando aos lesionados não se sabe por quanto tempo.
E na minha insônia – quem tem sabe como aparecem sentimentos negativos – ainda lembrei dos últimos anos de maus resultados, da punição “transfer ban” e das grandes dificuldades que a direção encontrou e encontra para sanar um grande passivo financeiro.
Não bastasse, me veio à mente o fato de que o jovem Rafael Willian poderá ainda ser um bom goleiro, mas não é e não está pronto para jogar em competição da primeira divisão nacional. E o Muralha, bem o Muralha todos sabemos que é o autor de defesas dificílimas alternadas com falhas grotescas. Em verdade ainda não temos um goleiro confiável.
Enfim, uma noite em que bateu em mim um desânimo, quase depressão, sentimento que certamente superarei como já fiz muitas vezes, e que não me abaterá como coxa-branca que sou há mais de sessenta e cinco anos. Continuarei a torcer intensamente, a acompanhar o que se passa no clube, a me manter como associado e, dentro de minhas pequenas forças neste espaço, a ajudar o meu amado clube. Já estou no inverno da vida, mas ainda sonho em um dia rever o grande Coritiba que vivi por muito tempo.
Mas que tem sido difícil, isso tem.
(Perdoem o tom de desabafo, mas eu precisava desafogar esse sentimento)
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