Bola de Couro
Perde-se no tempo a história do momento em que Evangelino Neves assumiu a direção do Coritiba pela primeira vez, em 1967. Registro o que tenho na minha memória, parte obtida em pesquisa e parte em dados constantes da obra “O campeoníssimo”, de autoria de Vinícius Coelho e Carneiro Neto.
Na época, depois de uma gloriosa temporada sob o comando da dupla Aryon Cornelsen e Miguel Checchia, quando o clube conquistou seguidos títulos estaduais e deu início à construção das novas arquibancadas do então Belfort Duarte, o Coritiba viveu em período de vacas magras. Dirigentes se sucederam – Antônio Pattituci, Michel Zaidan, Reinaldo Dacheux Pereira, Leonardo Custódio e Lincoln Hey - e todos se se defrontaram com insucesso no futebol e dificuldades financeiras, ao ponto de por algum período as obras do estádio ficarem paralisadas.
Desde então o Coritiba viveu um longo jejum de títulos estaduais, o último obtido em 1960, ainda sob o comando da dupla Cornelsen-Checchia, com o de 1961 perdido por decisão da justiça desportiva em razão de inscrição irregular de um atleta. Em 1962 ainda ficou em segundo lugar, mas prosseguiu em decréscimo até que em 1966 ficou em 7º lugar, a pior campanha em disputas estaduais da história.
Pois no segundo semestre de 1967 o presidente Lincoln Hey se convenceu – ou provavelmente foi convencido – a se licenciar, e o Conselho Deliberativo elegeu Evangelino Neves, que vinha se destacando no cargo de diretor de relações públicas, para um mandato-tampão de presidente, o qual acabou se prolongando em sucessivas reeleições até 1979, repetindo-se de 1982 a 1987. Desnecessário lembrar o sucesso que foram essas gestões, nas quais o Coritiba viveu os seus melhores tempos e conquistou as suas maiores glórias e avançou substancialmente na construção do estádio.
A bela história que o Evangelino teve naqueles dois períodos infelizmente não se repetiu quando retornou ao comando em 1992 até 1995, encontrando o clube na segunda divisão do campeonato brasileiro e não obtendo nenhuma conquista no seu mandato*. Após derrota para o Matsubara, assim como aconteceu quando da sua assunção, premido também por uma crise financeira de grande proporção, Evangelino foi convencido a se afastar e a direção do clube foi assumida pelo triunvirato Mauad, Prosdócimo e Malucelli, que recolocou o clube na primeira divisão do campeonato brasileiro.
Esses dois episódios se constituíram em intervenções no clube quando, em que pese disposições estatutárias não permitirem o afastamento dos presidentes, os “cardeais” coritibanos os convenceram a se afastar, pelo bem da entidade, em ambas ocasiões com bons resultados.
Episódios importantes e fundamentais para a nossa história.
*O período de insucesso do Evangelino não apaga a sua belíssima história no comando do nosso clube. Será sempre o nosso campeoníssimo.
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