Bola de Couro
No futebol, vitória por 3 x 0 é inquestionável. Os gols podem ter saído por casualidade ou por sorte, o que não é o caso do jogo de ontem, mas não há como tirar o mérito de uma equipe que ganha por tal placar de um adversário em tese forte.
Leio e ouço algumas opiniões no sentido de que o Coritiba ganhou com folga do Paraná porque este jogou mal.
Será? E se os dois jogassem mal? Teríamos um jogo chato e um empate de 0x0, ou um dos dois poderia ter vencido através um único lance como o Paraná ganhou do Atlético.
Tenho que nem tanto ao mar e nem tanto à terra. O Paraná jogou mal, sem dúvida, mas muito da sua fraca atuação decorreu da excelente apresentação do Coritiba que não deixou o adversário “respirar” e que, se contou com algumas falhas defensivas do adversário, não teve o benefício da sorte, tanto que em menos de dez minutos dois gols ditos como “feitos” foram perdidos e depois duas bolas na trave tiraram do adversário o risco de sofrer uma goleada histórica.
Portanto, quando um time joga bem e não permite ao adversário jogar, este joga mal não porque estivesse sem inspiração, mas porque aquele não permitiu. O Coritiba alcançou a vitória por méritos próprios. Ponto.
Uma preocupação, porém. Será que jogamos mal contra o Toledo, Londrina, Rio Branco e o PSTC tão somente porque os salários estavam atrasados? O time tem potencial para se apresentar como ontem ou continuará alternando boas e más jornadas?
As duas perguntas, se merecerem resposta positiva, trazem preocupação.
A primeira, por mostrar que, ainda que não se possa exigir de um trabalhador que satisfaça ao empregador quando não está recebendo os salários, mostra que predomina o espírito mercantil no elenco. Compreende-se alguma insatisfação, afinal todos têm seus compromissos e necessidades, mas os jogadores do Coritiba deveriam se dar conta de que não estão sozinhos no cenário nacional, não só do futebol. Times com atraso em honrar a folha de pagamento são muitos, o desemprego está em alta, muitos empresas não conseguem pagar os salários em dia o mesmo ocorre com alguns Estados e muitos Municípios. Se o clube está passando por dificuldades financeiras qual seria a melhor forma de agir? Se rebelar, sem dúvida, mas não produzir mal propositadamente, pois esta atitude não é inteligente e leva a que o clube tenha menos sócios, menor arrecadação nos jogos e menor exposição na mídia, ou seja, menos dinheiro para pagar os salários em dia. Se o clube for bem isso se refletirá nas suas finanças e jamais poderá ter desculpas para deixar de honrar os salários em dia.
E a segunda resposta, se positiva, também preocupa. Qual o verdadeiro time do Coritiba, o que jogou mal contra aqueles times antes indicados ou o que se apresentou ontem? Não tenho segurança para dar uma resposta. Temos deficiências individuais no plantel e nosso técnico sem dúvida não é o dos sonhos para uma equipe que queira se destacar no plano do futebol nacional. Só o decurso do tempo dará as respostas. Aguardemos, sem nos iludir com o campeonato estadual, que é importante, sem dúvida, mas que não é teste absoluto para as futuras competições nacionais.
Para finalizar. Se vintém poupado é vintém ganho, o Coritiba ontem fez uma pequena economia. O fardamento do Wilson não precisará ser lavado.
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