Bola de Couro
Acompanho o futebol há quase sessenta anos. Por algum tempo o fiz no estádio ou em casa ouvindo as transmissões pelo rádio. Depois, no estádio ou pela TV, só reservando o acompanhamento pelo rádio quando não podia ir ao estádio e o jogo não era transmitido pela televisão. E sempre pelos jornais, os de Curitiba há muito tempo via Internet.
Nesses largos anos li e ouvi manifestações de excelentes jornalistas, outros nem tanto, e de uma parcela - talvez maior - de medíocres. Não vou citar nomes de uns ou outros e nem me localizar somente no futebol paranaense, pois virtudes e defeitos existem lá fora também, por óbvio. De tanto ouvir e ler, reconheço que é muito difícil ser um bom narrador ou repórter, e principalmente comentarista de futebol. Estes existem, sem dúvida, e os respeito, mas vou me deter nos medíocres ou folclóricos, a infelizmente a maioria.
Vamos a exemplos.
- Fulano de tal esteve muito bem no jogo “enquanto esteve em campo”. Como assim, poderia continuar a jogar bem depois que foi substituído?
- O atacante estava “completamente” impedido. Poderia estar “meio” impedido? Não deveria dizer claramente impedido?
- Qualquer lesão que um atleta sofra é denominada como contusão, espécie da qual aquela é gênero. Se sofrer fratura, distensão ou um corte, sempre o atleta estará contundido para a maioria.
- E o particularmente? Eu, particularmente, o tenho como um bom jogador. Publicamente, não?
- E os repórteres de campo, jovens que cursaram e completaram uma faculdade, não têm criatividade e nenhuma outra pergunta para um jogador que entra em substituição no intervalo do jogo que não: O que o técnico pediu?
- Há os que querem parecer eruditos, usando termos incomuns. O gramado está prejudicado pela "intempérie" (consta que alguém já teria dito a “intempérie do tempo”). Adentrou ao gramado, para atender ao atleta, o “facultativo” do clube. O pênalti não foi assinalado por sua Senhoria, o árbitro.
Pior é no campo dos pleonasmos.
Sentindo a pressão do adversário o time “recuou para trás” (deve ser difícil recuar para frente). O jogador paraguaio “estreará pela primeira vez” (ainda bem, senão haveria dúvida sobre se já estreara). O árbitro deu “mais” cinco minutos de “acréscimo” (que bom que ele não deu de decréscimo). Quando entrou "dentro” de campo o time foi ovacionado pela torcida. Na escolha do craque da partida houve “unanimidade entre todos”. O volante não está sabendo ser o “elo de ligação” com o ataque.
E por aí vai.
Eu, decididamente (ou particularmente) não conseguiria ser narrador, repórter ou comentarista de futebol tal como é maioria. Seria incompreendido. Deve ser muito difícil.
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