Bola de Couro
Continuando a aproveitar a paralisação do futebol para lembrar fatos históricos referentes ao Coritiba, registro a origem do nosso apelido, “coxa-branca”, talvez do conhecimento de muitos, mas não de todos.
Em um atletiba em 1941, o torcedor atleticano Jofre Cabral e Silva – que depois se tornou presidente do seu clube - passou a provocar o jogador do Coritiba, Hans Egon Breyer, alemão naturalizado brasileiro e que deixara o seu país de origem quando da primeira guerra mundial, chamando-o de “coxa-branca” e “quinta-coluna”. A provocação foi oportunística, pois embora o Brasil ainda não tivesse declarado guerra à Alemanha quando da Segunda Grande Guerra, a maioria da população era simpática aos aliados, adversários dos germânicos.
Pois Egon e o Coritiba não se deixaram abater e venceram o atletiba por 3 x 1. No início Egon teria ficado desgostoso com o apelido, pois indicaria não ter amor pela pátria que o adotara, tanto que em 1944 abandonou o futebol.
Na comemoração do campeonato de 1969, porém, a torcida do Coritiba, de forma inteligente, resolveu adotar o apelido, que os adversários pensavam que seria ofensivo, e hoje com muito orgulho somos os “coxas-brancas”, denominação que a esta altura pouco tem a ver com a participação de imigrantes germânicos na origem do clube, mas sim um modo carinhoso pelo qual nos tratamos. Referem os “Helênicos”, na excelente publicação “Eternos campeões” (cuja aquisição e leitura recomendo), que na época Egon afirmou em entrevista à revista Placar: “Quando vi a torcida gritar Coxa, tirei um peso das minhas costas e fiquei muito orgulhoso”.
O orgulho do Egon pelo cognome fez com que a denominação fosse gravada na lápide do seu túmulo, como mostra a foto.
Não sem razão a torcida canta: “Coxa, eu te amo!”.
Um parêntese: Embora dentre os fundadores do Coritiba muitos fossem de origem germânica, o nosso clube acolheu negros no seu time muito antes do rival. Em 1931 tivemos o Moacir, afrodescendente, e na mesma década um dirigente, oficial do exército, o tenente Aníbal. O nosso rival somente em 1962 teve o seu primeiro afrodescendente no elenco, o Amaury (outro dia eu conto melhor essa história).
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