Bola de Couro
Na sucessão de gestões fracas ou pífias que o Coritiba sofre nos últimos anos – exceção feita aos dois primeiros anos da administração Vilson – sempre nos vem à lembrança o presidente dos tempos áureos do clube, o campeoníssimo Evangelino da Costa Neves.
Em 1966, vindo de Santos para Curitiba, assumiu o cargo de diretor de relações pública do nosso clube. Na época o Coritiba vivia anos difíceis, perdera o título de 1961 por decisão da justiça desportiva e desde então não fora mais campeão. O presidente era Lincoln Hey e ele, juntamente com vários nomes fortes do clube, viram no Evangelino o nome que poderia mudar os destinos do Coritiba. Lincoln Hey se licenciou e o “Chinês” foi alçado a um mandato-tampão na presidência, sendo depois eleito para o mandato 1967/1969, reelegendo-se ininterruptamente até 1979.
Já no primeiro ano, ainda que não conquistasse o título estadual, mostrou ao que veio, trazendo os times do Atlético de Madrid para um jogo amistoso, o qual vencemos por 3 x 2, e a seleção da Hungria, que no ano anterior tirara o Brasil da Copa do mundo, vencendo nossa seleção por 3 x 1. A mídia de todo o país veio para Curitiba e vencemos aos magiares com um gol antológico do Oromar, que driblou quase toda a defesa adversária, mostrando o Coritiba para o Brasil e o mundo.
A partir de então foi uma senda de sucessos, com os títulos estaduais de 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978 e 1979, com destaque, durante esse período, para a conquista do torneio do povo, campeonato de expressão nacional só inferior ao brasileiro, e a chegada às semifinais do campeonato brasileiro de 1979.
Deixou a direção de 1980 a 1981, sendo eleito mais uma vez em 1982 e permanecendo no cargo até 1987. Nesse mandato alcançou o campeonato estadual de 1986 e o inesquecível e máximo título de campeão brasileiro em 1985.
Nada menos do que onze títulos estaduais e dois nacionais em dois períodos de treze e seis anos, respectivamente, um recorde que acredito seja inigualável por qualquer dirigente.
Comentava-se na época, que os jogadores tinham grande admiração e afeto pelo presidente, o que os fazia defender o clube com muita disposição.
As conquistas no futebol não impediram que continuasse a reforma do estádio, iniciada na gestão de Arion Cornselsen, sendo o então Belfort Duarte considerado na época o terceiro melhor estádio particular do Brasil.
Retornou à presidência nas gestões 1992/1995, período em que não foi bem-sucedido, assim como ocorrera em 1986, mas isso nem de longe tisnou o seu sucesso anterior. Prefiro lembrar das conquistas e glórias. fracassos todos temos, o importante é o saldo.
Enfim amigos, uma belíssima história que nunca caberia no espaço de uma coluna. Ao Evangelino devemos muito. Ele, principalmente, e Couto Pereira e Arion Cornelsen foram dirigentes que levaram o Coritiba a um patamar então inigualável.
A coluna não é para lamentos, mas é impossível olhar para aquele período e não comparar com o atual. Será que um dia deixaremos de viver de saudades e o Coritiba voltará a ser o que já foi no cenário local e nacional?
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