Bola de Couro
Nos últimos dias se acumularam notícias sobre o Coritiba. Uma referente à péssima classificação no campeonato estadual; outra tocante à renúncia de um dos vice-presidentes; outra ainda sobre um empréstimo; e, finalmente, uma tragicômica.
A primeira já foi objeto de inúmeras manifestações, aqui e nas redes sociais em geral, culminando com uma reação da direção em demitir o diretor-executivo de futebol, Brunoro, que indiscutivelmente não soube formar um bom elenco. Muito já foi dito e não vou me estender no tema, até porque tenho outros enfoques a abordar, mas espero que a reação externada pelo presidente esteja sendo acompanhada de medidas internas de modo a que o Coritiba tenha uma caminhada segura na série B que se aproxima.
A renúncia do vice-presidente Marcelo Almeida foi ruim para nossa imagem, pois fez com que o clube sangrasse em público por alguns momentos, mas ao fim e ao cabo penso que foi positiva. Um dirigente que frente à menor dificuldade ou confronto – não se sabe o real pretexto – em quatro meses de gestão pede as contas, não pode querer comandar um clube de futebol, no qual, como ocorre com todos, sucessos e fracassos e choques internos são comuns. Foi uma retirada de modo deplorável, não dando satisfação para a torcida – em especial aos sócios que o elegeram – de modo a se saber se havia fundada razão para o ato. E estranhamente o fato foi divulgado por dois jornalistas reconhecidamente atleticanos, Fábio Campana e Abrelino F. Gomes.
Noticiou-se ontem, também, que o Coritiba levantou um empréstimo de R$ 2 milhões de reais junto a uma empresa integrada pelo vice-presidente Juarez Moraes e Silva, para pagamento em vinte e quatro vezes e juros de 1% ao mês. Confesso que de início quis estranhar o negócio, mas depois, bem refletindo, vi que estranha foi somente a divulgação externa do fato. Se o Coritiba está com os cofres vazios e tão cedo não há perspectiva de recuperação financeira, é natural que levante empréstimo através de algum dirigente, especialmente se com juros ditos como “legais”. Se fosse buscar o valor em um banco, certamente teria que pagar juros bem maiores e talvez não obtivesse um prazo tão largo para pagamento. Há contrariedade ao discurso eleitoral? Sim, mas indago: o que fazer diante da situação financeira com que foi recebido o clube pela atual administração, com déficit, só no ano passado, de 22 milhões de reais? A circunstância lamentável no episódio foi saber que uma negociação nada extraordinária foi objeto de vazamento para a imprensa, inclusive com fornecimento de cópia de documento.
Por fim, o fato tragicômico. O grupo que nos últimos três anos levou o Coritiba a um naufrágio de dificílima recuperação, que fez menos de 10% dos votos na última eleição e que ainda mantém a denominação de “Coritiba Responsável”, ofereceu à atual administração o “conhecimento e experiência” de que diz dispor para ajudar ao clube. Não conhecessem os coritibanos como foi a anterior administração, poderia se pensar que a oferta foi séria e não uma tentativa de ferir a atual direção e a imagem do clube quando, bem pelo contrário, fortaleceu a má imagem do grupo que os sócios afastaram.
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