Bola de Couro
O genial Tim Maia – que como quase todos os mitos se foi muito cedo – compôs uma bela canção na qual revela a sua desilusão com amores e, ao mesmo tempo em que expõe sua esperança de que as coisas melhorem na sua vida, se acautela e repete o refrão “não me iludo mais”.
Pois estou assim, meus amigos. Acho que não me iludo mais com o nosso Coritiba.
Há muitos anos venho alternando textos entre animadores e pessimistas. O meu time do coração, do qual sou torcedor há aproximadamente sessenta anos, às vezes parece me dar esperanças e logo adiante me traz desânimo e decepções. Assim vem ocorrendo desde o fatídico ano de 1989, quando um gritante erro político-administrativo nos levou ao descenso do qual só nos recuperamos depois de sete anos (se é que já nos recuperamos), passando por uma excelente campanha em 1998, uma boa em 2003 e outra ótima em 2011. Nos outros anos o que fizemos foi subir um degrau e retroceder outro, quando não dois.
Como tenho por filosofia de vida procurar ser positivo e otimista, bastavam dois ou três bons resultados do Coritiba para que eu me animasse e pensasse que “agora vai”. Pois doravante com pouco eu não vou me iludir mais.
Sei que, se ali no dobrar da esquina o Coritiba mudar para melhor – o que acho difícil no momento com alguns integrantes do elenco e com o nosso confuso técnico – talvez eu volte a acreditar ou até a me iludir. Não me chamem, então, de incoerente, pois o que desejo ardentemente mesmo perdendo a ilusão, é que um dia possa voltar a conviver com o Coritiba que eu conheci na infância e com o qual convivi por muito tempo na vida adulta.
Faço um apelo ao presidente do nosso Coritiba. Mude a história do nosso clube, retome a história remota, pense grande, tome as rédeas do comando do futebol ou as entregue a alguém com vivência e competência na área, pois pelo que se vê das últimas contratações que fizemos tudo indica que a área técnica está entregue em mãos incompetentes. Hoje o presidente de um clube de futebol não precisa ser experto no assunto, primordialmente deve ser líder e comandante do grupo, deixando a administração da atividade fim para quem tenha experiência. Parece que nessa esfera temos que mudar muita coisa. Chega de entender que é o azar ou a arbitragem que está nos prejudicando. Chega de dizer que o time “está em formação”. Chega de aceitar passivamente maus resultados. Chega de dizer que o time jogou bem e a vitória não teria vindo “por detalhe”. Basta de lamentar o passado como justificativa para o fracasso atual - o nosso passivo financeiro é antigo e sem dúvida preocupante, mas não podemos tê-lo como desculpa constante. Chega de ver o público diminuir em nossos jogos cada vez mais. Chega da marcante diminuição de um quadro social que já foi superior a 30.000 integrantes. Chega de empurrar com a barriga a vida do clube. Chega de pensar que há esperança quando ela se mostra infundada.
Os últimos presidentes do Coritiba se notabilizaram por um bom início de gestão e pelo fracasso ao final delas.
Mude essa constante, presidente Bacellar, até porque até agora a sua gestão não foi bem sucedida. Seja ousado. Lembre-se de que a sorte ajuda aos audazes. Faça logo uma revolução no clube – bem ponderada, mas sem dúvida ousada - e registre positivamente o seu nome na história. Faça com que os torcedores acreditem e que não se iludam mais.
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Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)