Bola de Couro
No último dia 21 o estádio Couto Pereira (ia dizer nosso estádio, mas não é mais por cinquenta anos) completou 91 anos desde a inauguração no ano de 1932.
Como em todos os aniversários deveríamos ter recebido, além de cumprimentos, algum presente, e esse veio no anúncio a Treecorp de que reformará e modernizará o estádio, alterando a capacidade atual de 40.502 pessoas, para 30.000 frequentadores.
Justificam os novos donos do clube que a diminuição da capacidade decorreria do “efeito escassez”, segundo o qual – aqui da planície e como simples mortal não entendi bem - a diminuição da capacidade traria mais valor ao empreendimento, o que indica também que a frequência aos jogos custará mais caro do que atualmente.
Interessante notar que, afora a coincidência com a data do aniversário do estádio, o anúncio foi feito quando estamos com 99,9% de chances de rebaixamento, isso para quem ainda acredita no 0,01%. Esse proceder não é novidade para a torcida coxa-branca, que várias vezes recebeu, em momentos de crise, maquetes de reforma do estádio, como se nos dessem um doce para parar de chorar. A propósito, um parêntese: a proposta de novo estádio, modernizado e com capacidade para 40.000 pessoas, apresentada na gestão 2015/2017, pelo então vice-presidente Alceni Guerra, parece-me que foi uma das poucas, senão a única, que pôde ser levada a sério, mas não se concretizou.Veja aqui
A torcida, pelo que se viu nas redes sociais e em comentários aqui no nosso Coxanautas, não recebeu bem a notícia de agora, certamente por escaldada que está com movimentos anteriores, embora desta vez parece que realmente a reforma virá.
As imagens oferecidas pela Treecorp mostram um estádio bonito e moderno, o que é bom, mas há um ponto questionável, qual seja a redução da capacidade de público, o que indica que a dona do clube não acredita que poderemos ter voos maiores. Na final do campeonato paranaense de 2017 o público pagante foi de 32.869 (computados os não pagantes não é exagero dizer que havia 35.000 pessoas no estádio). Qual seria o público se em uma disputa maior – nacional ou até internacional, quem sabe - o clube estiver em momento decisivo em algum jogo? Certamente maior como prova o exemplo de 2017, mas então o estádio não comportará. E se um dia – sonhar não é proibido – o Coritiba disputar a Copa Libertadores da América e a Conmebol mais uma vez alterar o regulamento da competição exigindo estádio com capacidade mínima de 40.000 pessoas como já fez anteriormente? Iremos jogar no estádio do rival?
Enfim, se gostei da modernização do estádio, não tive o mesmo sentimento ao saber que a capacidade será reduzida em pelo menos um quarto da atual. Mas acho que estou pregando no deserto, pois ao que vimos – ou não vimos – até agora, a Treecorp não se importa com o que pensa o torcedor, valendo a minha opinião mais como um desabafo.
Não esqueci que hoje o Coritiba joga contra o Fluminense no Rio de Janeiro, mas está repetitivo e cansativo falar sobre o time atual e a expectativa de nova queda sendo melhor calar.
* Texto editado.
Logo que publicada esta coluna, recebi mensagem do ex-presidente Vilson Ribeiro de Andrade, atualmente o representante da administração do clube junto à SAF cujos dados transcrevo:
Importante saber deles do laudo atual do Couto:
1. Corpo de Bombeiros 38 mil
2. Considerando bolsão de torcida visitante, redução para 35 mil ( bombeiros e PM e DEMAT)
3. Estudo para encadeirar o estádio atual :
Carga máxima 35 mil
Bolsão para torcida organizada, capacidade máxima 30 mil.
Esses dados são importantes, fundamentais mesmo, mas também confirmam o que eu disse sobre a Treecorp não dar todas informações aos torcedores. Se houvesse noticiado esses fatos a narrativa seria mais palatável.
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