Bola de Couro
Ontem, contra o CRB, o Coritiba não fez uma boa partida. Diria quase boa e aceitável na primeira etapa, mas péssima na segunda, quando não jogou e não criou, no máximo destruiu até sofrer o gol de empate.
Poderão alguns dizer que o resultado não foi tão ruim assim, pois afinal nos mantivemos em segundo lugar e alcançamos dez partidas sem derrotas. Sim, sob esse olhar não teria sido um mau resultado, certo que, por melhores que sejam, todos os times de vez em quando tropeçam em casa. Mas em verdade não foi um bom resultado, considerando que a tabela nos reserva partidas mais difíceis pela frente e principalmente pelo mau futebol apresentado na segunda etapa do jogo.
Não vou analisar o resultado pelo prisma dos salários, pois se de um lado as notícias de atraso ainda estão no campo da especulação, por outro com a crise que o futebol brasileiro vive teríamos vinte clubes na série B jogando mal, pois é muito difícil crer que haja algum que esteja pagando bem e em dia os seus atletas. Acho que não é por aí, a questão é mesmo técnica e de formação do elenco.
Além do aspecto macro da atuação de quase todo o time, tenho que alguns fatores foram essenciais para o resultado e a pífia apresentação na segunda etapa.
Um deles foi entrada do Mateus Sales no lugar do Willian Farias, que embora justificada por questão física, diminuiu em muito a atuação da meia-cancha. O Mateus Sales é o que se chama de “carimbador da bola”. Sua atuação se limita a dar um toque para o lado ou para trás, às vezes pisando na bola e dando um giro no próprio corpo, jamais criando. Por isso quase não se vê ele errar, mas também não se vê acertar, sendo cômodo o seu modo produtivo de atuar, uma vez que para quem não olha com olhos de ver ele termina o jogo sem comprometer o time diretamente em algum lance. Acredito que se houvesse conscientização disso, e um pouco de ousadia, teria sido o momento de testar o jovem Biel. Aliás, falando em meia cancha, o Rafinha ontem não estava para o jogo, devagar, quase parando, nem parecia o jogador que conhecemos.
O outro fator foi a expulsão do Natanael, que ficou em uma situação difícil quando o Val perdeu tolamente uma bola. O prejuízo maior com a expulsão decorreu do modo como o Morínigo mexeu no time, tirando o único que criava algo, o Robinho, em uma meia cancha já em declínio pela entrada do “carimbador”, de modo que perdemos o que restava de criatividade. O substituto do Robinho, Igor, nada somou, melhor teria sido improvisar alguém na posição.
Nem tudo foi mal, as apresentações do Henrique e do Léo Gamalho encheram os olhos, mas foram insuficientes para alcançar melhor resultado.
Ah, e qual o mistério a que alude o título da coluna?
Se ninguém ainda se deu conta, o mistério é a incompreensível insistência com o Dalberto. Que jogador ruim, um dos piores que já passaram pelo clube. Nada rende, tropeça na bola, em um jogo tirou do companheiro a chance de gol, em outro mal entrou e já recebeu cartão amarelo e ontem foi o mesmo de sempre. O que passa na cabeça do Morínigo que insiste tanto com ele? Torcida para que algum dia jogue bem? Ou necessidade de provar que a contratação não teria sido um erro? Futebol não é esporte complexo, o mais simplório dos torcedores sabe enxergar quando um jogador é craque ou pangaré.A torcida e a crônica já viram há muito que o Dalberto é um perna-de-pau. Só o Morínigo não vê? Um mistério.
Bem, não vamos desanimar no caminho para o acesso à série A. O time vinha correspondendo e esperamos que em seguida retome o futebol cirúrgico e pragmático que apresentava. Continuo otimista e espero não ser desiludido. O campeonato é muito difícil, mas não vejo nenhuma equipe com mais qualificação do que a nossa. Dá para chegar, mas é importante reflexão e autocrítica sobre os erros para que não se repitam.
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