Bola de Couro
Mais um fracasso do Coritiba. Fracassado anunciado, só não sentiu quem não quis ou quem ficou cego pela paixão.
Perder uma decisão em atletiba nunca é agradável, mas acontece e não deveria ser nenhum desastre embora sempre dolorido. Afinal, o rival também tem os seus momentos de sucesso e não fosse assim não subsistiria a rivalidade.
Mas perder para o time alternativo do rival, e perder jogando o que não jogamos hoje foi muito dolorido.
Consegui assistir a grande parte do atletiba em razão de uma transmissão clandestina que o rival abriu no Youtube. Os momentos que assisti foram desanimadores. Vi nossa defesa, especialmente pelo Wilson, evitar nada menos do que três gols que se costumam chamar de “certos” e ao mesmo tempo não vi nenhum lance nosso que levasse qualquer perigo ao adversário. Um amontoado de jogadores que parecia ter como meta deixar o tempo passar para contar com o azar do adversário. Muitos desses jogadores sem a menor condição técnica e dois totalmente inabilitados fisicamente para um jogo de tanta envergadura, não por coincidência os dois maiores salários do clube.
Leio e ouço torcedores revoltados com o time, o técnico e a diretoria, não nesta ordem, pelo contrário.
E não posso deixar de dar-lhes razão. Estamos sendo dirigidos por amadores que, a despeito de gostarem do Coritiba como todos nós gostamos, nem por isso parecem ter suficiente maturidade, visão e dinamismo. O dono da quitanda, o guardador de carros e até o banqueiro torcem muito pelo Coritiba, mas nem por isso se mostram aptos para conduzir um clube da grandeza que o nosso já foi e talvez ainda possa voltar a ser.
Já disse aqui por mais de uma vez que a eleição da diretoria atual, em que pese tenha ocorrido por estreita margem de votos que representou pouco mais de um terço do colégio eleitoral, nem por isso se deslegitima. Mas não podemos negar fatores que a comprometem.
O primeiro é que toda a chapa foi constituída por nomes sem nenhuma experiência na área administrativa ou executiva do clube e nem tinha um nome de peso na sua retaguarda. O jovem presidente passou a integrar o Conselho Deliberativo em 2015, dado que mostra que rara ou nenhuma experiência administrativa tinha para se habilitar a nos dirigir. Dentre os vices, nenhum deles também passou por áreas administrativas, ou seja, os eleitores – em especial a IAV, que já elegeu a fracassada gestão anterior sob a liderança do Alex - entregaram a direção do clube para torcedores e não para profissionais. E o Coritiba, assim como qualquer clube de futebol que se preze e que se pretenda grande, não é para amadores.
E o segundo fator se prende ao fato de que até agora tem imperado na direção um orgulho tolo e inútil. Tudo está dentro do tal planejamento, substantivo sobre o qual nos falam há muitos anos e que nunca levou a algum lugar. Fracassamos na Copa do Brasil, conseguimos o título do primeiro turno do estadual um tanto por acidente, fracassamos totalmente no segundo turno e agora sofremos o vexame de ver o terceiro time do rival maior nos vencer inapelavelmente. Contratamos mal, ao menos pelos nomes até agora vistos, amostras “pontuais” que nos fazem temer pelo que está chegando (tomara venha a estar errado). Contamos com um técnico fraco e um diretor de futebol sem currículo e que até agora não mostrou nenhum acerto. Mas nada abala a direção, tudo está planejado.
E agora, o que fazer se o mandato é de três anos? Difícil responder e apontar fórmulas. Parece-me que um dos caminhos seria a direção fazer uma autocrítica, não se mostrar obstinada e abandonar o já fracassado planejamento, e, concomitantemente buscar socorro em nomes experientes que já dirigiram o clube, entregando-lhes informalmente o comando, ou pelo menos participação decisiva na área do futebol. Erros todos praticamos, mas se não aprendermos com eles continuaremos a praticá-los. Humildade e conscientização dos atuais dirigentes de que não estão habilitados a dirigir o Coritiba parece primeiro e fundamental passo para uma mudança
Do contrário, o apocalipse vai ficando cada vez mais perto.
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