Bola de Couro
Kléber fez carreira no futebol brasileiro – com intervalo de uma passagem pela Ucrânia - jogando pelo Palmeiras (duas temporadas não contínuas), Cruzeiro, Grêmio e Vasco antes de vir para o Coritiba.
Destacou-se em início promissor da carreira pelo espírito aguerrido, recebendo o codinome de “gladiador”. Porém, nos últimos anos vinha em queda de qualidade, tendo feito apenas 15 gols em 2012, sete em 2013 e outros sete em 2014. No Grêmio teve uma passagem fracassada, disputando apenas cinco em trinta e seis jogos do clube (em parte deles afastado por lesão e em outras por não agradar ao mercurial Felipão), e anotando tão somente sete gols em toda a temporada. No Vasco fez outros sete em trinta e três jogos. (Consta que, pelo salário astronômico que recebia, cada gol que fez teria custado R$ 1.008.000,00 aos dois clubes). Em 2015, no Coritiba, também com uma longa inatividade por lesão, anotou apenas um gol em treze dos jogos dos quais participou, dentre os trinta e três disputados pelo seu time. foi uma passagem pífia pelo alviverde, sendo marcante o pênalti perdido contra o Joinville, cobrado de modo bizarro. E o único gol que fez foi em cobrança de pênalti.
Mas e agora, em 2016, em cinco partidas disputadas pelo campeonato paranaense já marcou sete gols, ou seja, tanto quanto fez em uma temporada inteira pelo Grêmio e em outra pelo Vasco. Fez gol com a direita e com a esquerda. Fez gol de cabeça (o que é raro em sua carreira) e ontem um lindo gol de bicicleta.
Certo, alguns dirão que é cedo para se entusiasmar, que se trata do campeonato estadual e que há que se aguardar que faça gols em times mais fortes, de primeira linha. Pode ser, mas e se nem contra as equipes do interior do Paraná fizesse gols? Não tenho os dados, mas na passagem pelo Grêmio e pelo Vasco quantas vezes ele enfrentou times do interior ou tidos como pequenos e não fez gols?
Mas o que mudou no Kléber para começar tão bem este ano? Esta pergunta não somos somente nós, coritibanos, que fazemos na comparação com 2015. Amigos gremistas com os quais convivo – alguns me dão a honra de acessar este blog – se mostram um pouco espantados. É o mesmo Kléber que não deixou saudades no RS?
Pois não tenho dúvida de que a resposta se encontra na constatação de que ele mudou o comportamento e está se desgrudando da qualificação distorcida de “gladiador”, por ele mesmo criada, pois se se notabilizava pelo espírito guerreiro, também muitas vezes se mostrava desleal, colecionando cartões vermelhos e amarelos, confundia raça com agressividade e seguidamente procurava simular faltas em lugar de tentar ganhar a jogada. Proceder, aliás, que às vezes levava os árbitros a deixar de marcar faltas efetivamente acontecidas em razão da sua fama de simulador.
Agora, pelo que mostrou nos cinco jogos em que atuou, o Kléber continua aguerrido e lutador, mas não já não se vê nenhuma jogada desleal e nem simulação de faltas. Trata de jogar futebol, o melhor modo para quem sabe tratar da bola alcançar sucesso. Ainda é o “gladiador”, mas pelo que mostrou até agora não é mais aquele cuja imagem negativa estava ligada ao seu comportamento quase que pejorativamente.
Talvez não seja contínuo o sucesso que teve até agora neste ano, em parte porque será muito mais marcado pelos adversários, e em parte porque tem uma carreira permeada por lesões (ontem deixou o campo acusando dor na coxa). Mas é e está procurando ser um novo Kléber, nem tanto "gladiador" mas mais jogador de futebol. Torçamos para que continue assim.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)