Bola de Couro
Os cronistas que escrevem sobre o Coritiba há muito tempo praticamente não conseguem bater em outro ponto que não o do desânimo que aumenta a cada semana e a cada repetido insucesso de um time que venceu apenas duas partidas em todo o campeonato brasileiro, que em seis jogos como mandante venceu somente três , e que conseguiu a proeza de nos acostumar a vibrar quando deixa a zona de rebaixamento, mesmo que por detalhe de diferença de gols. Isso sem contar com a falta de mostra de liderança de dirigentes e com a passividade e erros na montagem do comando técnico e da equipe com os seus Leandro e Felipe Amorim (as sua contratações e escalações parecem indicar que há mesmo algo entre o céu e a terra que a nossa vã filosofia não pode alcançar).
Não por comodidade, mas por desânimo e porque pouco diferente teria que dizer, vou aproveitar pensamentos que externei em colunas anteriores, pois se o Coritiba só muda para pior,difícil dizer outra coisa.
Disse em texto publicado em 30 de maio último:
Há muitos anos venho alternando textos entre animadores e pessimistas. O meu time do coração, do qual sou torcedor há aproximadamente sessenta anos, às vezes parece me dar esperanças e logo adiante me traz desânimo e decepções. Assim vem ocorrendo desde o fatídico ano de 1989, quando um gritante erro político-administrativo nos levou ao descenso do qual só nos recuperamos depois de sete anos (se é que já nos recuperamos), passando por uma excelente campanha em 1998, uma boa em 2003 e outra ótima em 2011. Nos outros anos o que fizemos foi subir um degrau e retroceder outro, quando não dois.
Na mesma ocasião escrevi:
Chega de dizer que o time “está em formação”. Chega de aceitar passivamente maus resultados. Chega de dizer que o time jogou bem e a vitória não teria vindo “por detalhe”. Basta de lamentar o passado como justificativa para o fracasso atual - o nosso passivo financeiro é antigo e sem dúvida preocupante, mas não podemos tê-lo como desculpa constante. Chega de ver o público diminuir em nossos jogos cada vez mais. Chega da marcante diminuição de um quadro social que já foi superior a 30.000 integrantes. Chega de empurrar com a barriga a vida do clube. Chega de pensar que há esperança quando ela se mostra infundada.
Hoje eu poderia escrever sobre o resultado de ontem contra o Atlético-MG, quando o time até que não foi mal, poderia ter vencido, mas duas falhas defensivas gritantes nos derrotaram, ou falar que a conduta do Juan mais do que mostra de indignação aponta indisciplina que deixa claro que o técnico não comanda os seus jogadores, o que já se pressentia quando os mesmos passaram a pedir a sua manutenção, como “amigo”, indício suficiente de que não é líder.
Mas, amigos, não seria bater no mesmo piano, sempre desafinado, variando um pouco as teclas?
Por isso me perdoem se estou pouco inspirado – o Coritiba do momento tira a verve de qualquer um – e transcrevi parte de texto de quase dois meses passados, infelizmente ainda atual e que nenhum proveito parece ter sido tirado pelos dirigentes, parte dos quais sei que lê alguns dos escribas dos Coxanautas.
Será que um dia voltarei a conviver com o Coritiba que aprendi a respeitar e a admirar - e me orgulhar – desde a infância até grande parte da vida adulta? Pelo que se vê hoje das iniciativas ou a falta delas, parece difícil, a não ser que ocorra uma verdadeira e producente revolução no clube como um todo. Não só no time, embora seja este a razão e fim daquele, mas de toda a instituição. Os próximos e imediatos passos que a direção der serão fundamentais para o futuro do clube e poderão nos situar se esta revolução – que pode ser lenta, gradual e segura, mas que seja uma revolução – virá para reformar e refundar o Coritiba, ou nos levará cada vez mais para um início do fim da nossa História.
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