Bola de Couro
Há dois momentos na vida em que costumamos ficar sem palavras.
Um é na emoção pela alegria de uma homenagem ou de uma conquista. E o outro é na tristeza, especialmente por uma perda ou uma decepção.
Pois eu estou hoje tomado pelo segundo sentimento e não sei mais o que dizer desse Coritiba que estão nos entregando.
Um “timeco”, recheado de pernas-de-pau que se pretendem jogadores e recebem bons salários como se tais fossem. Um amontoado que mesmo depois de tempo razoável de novo comando técnico não tem qualquer padrão de jogo. Correm como baratas tontas, dão caneladas na bola, erram passes quando o companheiro está poucos metros próximo, cobram laterais para as próprias costas, mantêm-se quatro defensores em linha de modo a que um bom lançamento encontre um adversário em condições de marcar gol, como ocorreu ontem e coloca em campo um menino que talvez seja promissor – ainda pouco sabemos – que é atacante e o vemos se obrigando a ir para a defesa cometer pênalti (ou não, a esta altura não importa se ocorreu).
Enfim, fico eu e os amigos leitores a bater na mesma tecla e nada de novo se vê no time, salvo para pior.
Como me faltam palavras, tamanha a depressão de que estou tomado desde ontem (corrijo, desde o começo do campeonato, ontem só se agravou), vou hoje usar as de amigos leitores que comentaram a minha última coluna e que são eloquentes sobre o sentimento da torcida.
Infelizmente, nossa torcida, está começando a se acostumar com a mediocridade do nosso time, se contentando em apenas ganhar, mesmo que seja de meio a zero (Alvaro A. sobre os conformados que acham que o importante é vencer, mesmo sem bom futebol).
Embora a nossa equipe não mereça a menor confiança, só nos resta torcer e esperar que melhore e obtenha a primeira vitória fora de casa. (Tadeu A., antes do jogo de ontem).
Esse futebol caranguejo, sempre tocando inutilmente para trás é de torcer os nervos. Pior é que está impregnado e todo jogo se repete. Alguma chance de dar resultado esses toquinhos inúteis em todos os jogos? Nenhuma!
Então tá, tudo certo, valeu os três pontos, mas quando teremos equilíbrio e constância? Estou bem preocupado com meus dedos pois estão ficando sem as unhas (Admir)
Continuo achando que o campeonato mesmo com essa limitação da maioria dos concorrentes, senão qualificarmos nosso elenco não subiremos!!!
E deixaremos escapar uma oportunidade de ouro para voltar a elite... (Valmir Faria)
Seriam eles torcedores pessimistas e negativos, como querem afirmar alguns deslumbrados? Não, são todos, e mais alguns tantos cujas palavras não reproduzo por falta de espaço, coxas dos grandes, muitos há anos subsidiando o clube como associados ou proprietários de cadeiras cativas, que se mantêm fiéis, mas não são correspondidos.
Infelizmente, as últimas gestões do Coritiba estão afastando torcedores de fé do estádio e da condição de associados, ao tempo em que não captam novos adeptos, cada vez mais caminhando para o fim de um poço que parece não ter piso. Só os resistentes estão ficando, e espero que não seja uma resistência como a do Cerco da Lapa, onde o amor pela terra fez com que os lapianos lutassem até a exaustão, mas infelizmente com derrota final, e nós, torcedores resistentes, tenhamos que figurar postumamente no Panteão dos Heróis.
Retornaremos à série A? Talvez, diante do baixo nível das demais equipes. Mas e se isso acontecer e continuar a filosofia de trabalho que impera (o verbo não é acidental, pois o comando parece ser imperial mesmo) no Coritiba, na melhor das hipóteses continuaremos a não sair do lugar. A não ser que, já que ingressei no campo da História, os torcedores associados encontrem um Churchill para liderar e partir da humilhação para a vitória, mas para isso acontecer teremos que esperar até o ano de 2021? E resistiremos até lá?
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