Bola de Couro
Em qualquer esporte, os competidores devem ter igualdade de tratamento no tocante aos meios que podem utilizar para alcançar as vitórias. Quem estiver melhor preparado ou quem melhor se apresentar, é quem tem sucesso, desde que ambos os contendores disponham dos mesmos meios. A competição esportiva deve ser entre seres humanos e suas habilidades, treinos, esforços, superação pessoal, física e psíquica, com equipamentos semelhantes.
Não podemos imaginar uma luta de boxe onde um dos atletas disponha de luvas mais duras do que o adversário, ou de disputa de esgrima na qual o florete de um dos competidores é mais longo do que o do outro. E nem um tênis de mesa no qual as raquetes sejam feitas de materiais diferentes, uma deles favorecendo a só um dos disputantes. No futebol, seria inadmissível que o clube mandante dos jogos pudesse usar bola que só ele tem e com a qual está acostumado, O desequilíbrio de meios é, no mínimo, falta de respeito ao contendor e falta de espírito esportivo
Refiro-me ao sucesso que o rival vem tendo no campeonato brasileiro, diretamente ligado aos jogos em que figurou como mandante, nos quais disputou e venceu quase todas as partidas no seu estádio, onde o campo de jogo é de material sintético que faz com que a bola tenha velocidade diversa da que toma em gramados naturais.
Neste campeonato, em 18 jogos em casa o rival perdeu apenas 1 partida, empatou duas e venceu as demais 15. É o clube com melhor aproveitamento caseiro, mais mesmo do que o líder disparado da competição, o Palmeiras e do que Santos e Atlético Mineiro, também na sua frente na tabela. Já fora de casa o rival perdeu 14, venceu 2 e empatou 2, sendo o segundo pior visitante, suplantado apenas pelo América-MG. Como visitante, o seu aproveitamento é de 13,7%, inferior ao de 2011, quando foi rebaixado.
Enquanto isso, o Botafogo, que tem tem o mesmo número de pontos do nosso rival, conquistou 5 empates e 6 vitórias fora de casa, ou seja, 28 dos 55 pontos que tem, ou seja, 51% de aproveitamento.
São fatos que falam por si só. O rival joga e treina toda a semana no piso sintético, enquanto os adversários o conhecem por apenas 90 minutos durante o jogo, uma vez ao ano.
Não bastassem os eloquentes números, que mostram que realmente o piso de plástico é fator preponderante para a boa campanha do rival, colhe-se hoje do noticiário que a Chapecoense estaria pensando na possibilidade de jogar a final da Sul-americana no Couto Pereira ou na Arena da Baixada, afirmando o seu presidente: “Vamos analisar os prós e os contras de cada local e chegar a um consenso, explicou o dirigente, que não descarta escolher a grama sintética da Arena para ter uma ligeira vantagem sobre o rival”, completando o técnico do alviverde catarinense “Tem essa possibilidade, podemos ir alguns dias antes para treinar e nos acostumar ao piso. Por isso vamos nos reunir com a direção para definir”. Ou seja, todos sabem que quem conhece e é acostumado com o piso sintético é favorecido no curso dos jogos.
O campeonato se aproxima do seu final e para os atleticanos pouco ou nada importará o modo como obtiveram os pontos. Dirão que o argumento do favorecimento é grita de vencidos ou invejosos. Mas o clube teria o mesmo sucesso se o campo dos jogos em que figurou como mandante fosse igual aos em que os adversários são acostumados a jogar? O cotejo dos números entre os resultados em casa e os de fora mostra que certamente não.
Dirão também que é regulamentar e que a CBF aprovou o piso de plástico. Sem dúvida. Mas isso não afasta a constatação matemática e real de que, sem o instrumento diferenciado, de que só ele dispõe, o Atlético jamais estaria na posição em que se encontra na tabela.
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