Bola de Couro
O que mais se tem dito nos últimos dias é que o time do Coritiba é medíocre. Pois penso que não
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Medíocre tem vários significados nos dicionários, e os primeiros deles são “médio ou mediano”, “o que está entre o bom e o mau”, ou “o que tem pouco talento, pouco merecimento”.
Ora, o nosso time, é uma realidade triste de dizer, nem para médio serve – tanto que está entre os últimos e não no meio da tabela – não tem só pouco talento ou pouco merecimento, na verdade não tem quase nada disso. É muito fraco.
Sei que o sentimento de torcedor, a paixão e a emoção talvez estejam influenciando negativamente esta crônica. Talvez. Mas como afirmar diferente depois de duas apresentações calamitosas, uma contra o Atlético-MG e outra mais desastrosa ainda contra o fraquíssimo time do Joinville? Como pensar de modo diverso ante um time que nos três últimos jogos sofreu oito gols e penosamente marcou um?
Certo, nos momentos de crise (Momentos, eu disse? A crise no Coritiba parece crônica.) é muito fácil apontar erros e culpados. Mas como dizer diferente se o clube e o time só de vez em quando nos dão alguma esperança, que logo adiante se dilui e mostra qual é a nossa realidade? Como não ser realista usando o surrado discurso “sou torcedor, não me entrego, não sou pessimista”? Ora, não sejamos ingênuos e nem “polyannas”. O time é ruim e as perspectivas também.
O que fazer a esta altura? Seguem minhas modestas e concisas sugestões, mais por ser vivido do que por me pretender sabido.
Ney Franco deveria fazer uma autocrítica e admitir que, atrás do seu jeito manso e educado, esconde arrogância e usa de fugas e desculpas inaceitáveis para esconder a verdade sobre os fracassos do time. Estando provado que com muitos dos jogadores utilizados não houve sucesso, principalmente os do meio de campo – time que tem como titulares absolutos Lúcio Flávio e João Paulo não pode se sair bem mesmo – há que tentar com outros, embora eu saiba lá quais. E que não faça mais escalações e nem substituições esdrúxulas como modo de se auto afirmar tentando mostrar o que não tem. Um importante passo para acertar deve ser reconhecer os erros.
O elenco deve ser conscientizado de suas limitações técnicas e procurar compensá-las com vontade e disposição. No jogo contra o Joinville vimos uma marcante apatia, como se fossem os jogadores meros burocratas a cumprir expediente, parecendo que pouco se lhes dava ganhar ou perder. O pênalti cobrado pelo Kleber foi muito bem caracterizado por um leitor aqui no Coxanautas. Correu saltitando como uma bailarina. E, acrescento ao leitor, apanhou o rebote que caiu aos seus pés com a malemolência de um hipopótamo. Sei que só vontade não ganha jogo, mas se a falta de técnica se alia a falta de vontade, aí então é que não se ganha mesmo.
E a propósito da falta de disposição, qual seria a causa? Falha na personalidade dos jogadores, contratos que se encerram ao final do ano de modo a que o atleta pouco esteja se importando com o futuro no clube (Kleber, Marcos Aurélio e Lúcio Flávio, por exemplo)? Costuma-se conjecturar nestas horas que a falta de empenho decorreria atraso nos salários. Nada sei a respeito. Mas vamos admitir que os pagamentos não estivessem em dia por dificuldades financeiras do clube. Indago então: qual o procedimento correto dos empregados do clube? Mostrar indisposição ou indiferença, fazendo com que as dificuldades financeiras persistam e se agravem? Ou, ao contrário de cruzar os braços, se desdobrar para produzir mais e em consequência melhorar as finanças do empregador e permitir que os salários sejam corretamente pagos? A que tenha um mínimo de inteligência a resposta só pode ser a última opção.
Uma derradeira palavra deste modesto cronista também para a direção do clube. O ano está findando e quase nada há a fazer que não seja tentar escapar do rebaixamento com o elenco e comissão técnica que temos. Mas é necessária uma sacudida na equipe e na comissão técnica. A liderança e autoridade do dirigente – a do técnico a esta altura é irrelevante - deve se mostrar nesta hora. Talvez seja o momento de um chute na porta do vestiário. O que menos pode ajudar é se mostrar passivo e tentar justificar fracassos somente em razão de erros de arbitragem.
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