Bola de Couro
Na última segunda-feira fiz uma abordagem sobre a decadência do futebol paranaense e encerrei coluna afirmando que “vários fatores concorrem para isso, dirigentes, federação e imprensa”.
Pois vamos a eles, de modo resumido, claro, pois impossível espaço suficiente para tantas considerações. Nos comentários postados na coluna anterior de modo pertinente e lúcido vários leitores mostraram outras razões. Sugiro que acessem.
O primeiro é o modo de pensar pequeno dos nossos dirigentes, que parecem ter por meta apenas sobreviver, se satisfazem com composição dos times com desconhecidos ou “rodados” fracassados, se contentam em apenas tentar o título estadual e permanecer na primeira divisão. Salvo o Atlético, que soube bem se aproveitar do pretexto da Copa do Mundo de 2014, não há investimento em estádios, em fortalecimento do nome dos clubes, melhoria no marketing e incentivo efetivo ao crescimento do quadro associativo. Sucedem-se, principalmente no Coritiba, gestões que mais se preocupam em jogar responsabilidade nos anteriores dirigentes do que corrigir os rumos e avançar.
Não se pode negar que, aliado ao modo de pensar dos dirigentes, está o conformismo de grande parte da torcida paranaense com aceitação de algumas conquistas aqui e ali, e especialmente de uns se dizentes “craques” nos elencos. Se o clube não age e a torcida não reage de modo provocativo e propositivo, a roda gira e fica no mesmo lugar.
E, fundamental, concorre muito para esse quadro, a imprensa (assim tidos os meios de comunicação em geral) paranaense que, salvo um ou outro nome, é muito fraca. Raros são os colunistas lúcidos e que sabem apontar boas soluções e colocar o dedo nas feridas dos clubes, e procurar mostrar a nossa dura realidade e insignificância. Muitos jornalistas são deslumbrados com o futebol alienígena, principalmente o paulista, propiciando espaços exagerados, de modo subserviente, em lugar de procurar ser força motora de valorização do que é nosso. No noticiário, então, às vezes são patéticos. Há poucos dias os dois jornais da capital noticiaram com certo destaque que o Coritiba abrira vaga para emprego, como se um anúncio classificado fosse. E nesta semana foi notícia na Gazeta do Povo “Atlético deixa o Fantástico sem gols e Tadeu Schimdt lamenta”. Puxa, o Atlético magoou o apresentador, que notícia! E por aí vão nesse provincianismo.
E não se esqueça da federação, esse ente que vive para si mesmo, que sobrevive pelo voto dos clubes sem expressão e que não tem nenhuma força e em consequência não pode dá-la aos nossos clubes em nível nacional
O Paraná hoje disputa com o Rio Grande do Sul o quinto lugar em população no país, com diferenças irrisórias. Tem o quinto maior PIB nacional, quase empatando com o RGS. Curitiba, em especial, tem a oitava maior população dentre as capitais, suplantando Porto Alegre. Sua economia tem o quinto PIB do Brasil, vencendo Porto Alegre neste quesito, aqui com vantagem (uso o RGS e P. Alegre como parâmetro em razão de serem os entes federativos que mais se aproximam do Paraná e Curitiba em termos populacionais e econômicos). A região metropolitana de Curitiba tem aproximadamente 3.500.000 habitantes. Mas enquanto os gaúchos têm times com títulos intercontinentais, quadro associativo de milhares, estádios modernos e não sofrem com gigantescos passivos financeiros, nós estamos marcando passo, quando não decaindo.
Sei, o Paraná é um Estado constituído por migrações, nem todos são paranaenses da gema, mas isso não é tão marcante na região metropolitana de Curitiba e é detalhe que não pode justificar os nossos passos lerdos (Evangelino Neves era paulista e muitos migrantes adotam nossa terra como a sua adotiva). O Estado do Paraná e a cidade de Curitiba estão dentre as unidades da federação que mais cresceram nas últimas décadas. Com exceção do futebol. Difícil entender e mais difícil aceitar que assim continue.
Pensar e agir pequeno são os melhores caminhos para permanecer pequenos.
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Não posso encerrar sem uma frase sobre a contratação do Vinícius Kiss. No Coritiba há mais coisas entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia pode imaginar.
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