Bola de Couro
O Coritiba foi um grande clube e tinha grandes times até 1989. Passou pela fase de ouro dos anos 1970, quando imperava o futebol do eixo Rio-São Paulo, impondo-se e merecendo respeito. Conquistou 13 campeonatos estaduais no curso de 20 anos. No mesmo período, foi campeão do Torneio do Povo e duas vezes semifinalista do campeonato brasileiro, alcançando o máximo em 1985. E tudo isso ao mesmo tempo construindo o então um dos melhores estádios do Brasil. Depois disso, a partir do grande erro diretivo de 1989 que nos levou a amargar a segunda divisão, ainda conseguimos sucesso nacional esparso nos anos de 1998, 2004 e 2011, mas sem sustentabilidade e prosseguimento.
Alguns talvez queriam parar a leitura por aqui pensando: lá vem o Rauen com saudosismo, quando não tem assunto fala nas glórias do passado.
O objetivo não é este, é mostrar diferenças para que, em conjunto com os comentários de vocês, possamos fazer autocrítica e indicar caminhos aos nossos dirigentes e atletas se a eles chegarem as nossas palavras (sei que para alguns chegam).
Aquele Coritiba, quem viveu sabe, tinha, antes de tudo, dirigentes idealistas (não que muitos dos atuais não sejam) e conhecedores do mundo do futebol (poucos dos atuais são) e em consequência de suas condutas os jogadores se mostravam comprometidos. Dirigentes que talvez aqui e ali agissem mal, mas que conheciam futebol ou, quando não, delegavam a quem conhecia o mundo da bola. Erravam contratações, como ocorre com todos, mas no mais das vezes acertavam, montando times que se mantinham por algumas temporadas e não com debandada ao final de cada ano. E,o que era fundamental,faziam com que os atletas gostassem de jogar no Coritiba, o que nos últimos tempos raramente se vê.
Lesões, dodóis, chinelinhos eram raros. Houve um tempo – só os bem mais velhos lembram – em que não eram permitidas substituições e não raros foram os casos de atletas que se mantiveram em campo mesmo lesionados tentando ajudar ao time (lá vai mais um saudosismo, em 1960, em jogo contra o Grêmio em Porto Alegre, o Chico, ponta direita, sofreu lesão e ficou em campo obrigando o lateral adversário, na dúvida, a pouco subir para o ataque). Claro que era um exagero, quase uma desumanidade, e seria demais exigir que assim continuasse. Mas hoje o contraste é muito grande, qualquer “desconforto” ou estresse psicológico deixa os atletas em repouso.
Ah, mas são outros tempos, dirão, hoje o mercado da bola é diferente, os jogadores – salvo raras exceções - só pensam em si próprios, no sucesso individual, sendo secundário o do clube. E em razão dessa conduta dos atletas, os dirigentes não têm o comando do vestiário e raramente conseguem se impor e motivá-los. Se um dirigente procura exercer autoridade e exigir comprometimento, é objeto de boicote como vimos em 2013.
Tudo bem,são outros tempos, mas precisa ser tão diferente assim do que era nos tempos áureos? Não podemos recriar a mentalidade que nos fez vencedores e principalmente respeitados em nível nacional e não somente estadual como agora? Quem sabe alguns começam uma revolução no clube, tanto administrativa como especialmente no futebol? Sem sucesso no futebol jamais há sucesso administrativo e financeiro, isso é de primária compreensão.
Já ocupei muito espaço. Aguardo a colaboração dos amigos leitores, não sem antes reproduzir mensagem que mandou para o mim o fiel coxa branca Luiz Donizeti Pinto, que tudo bem sintetiza: “O Coxa não atrai mais. Está muito claro que o time joga pela conveniência dos jogadores, não pela instituição e muito menos pela sua torcida. É um time frio, pálido e totalmente sem graça. Infelizmente, parece ser um figurante que ganha cachê por participar. Lamentável. Pior é ver que isso aí só tem mais 18 rodadas pela frente em 2017. É o que temos.”.
Voltarei ao tema.
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