Bola de Couro
Acompanhei o atletiba pelo rádio, único meio que restou para quem não mora em Curitiba, e ao mesmo tempo fiquei acessando as manifestações dos torcedores aqui no Coxanautas, lançadas na medida em que o jogo se desenvolvia.
Os torcedores se mostraram revoltados, não só com a apresentação de um time fraquíssimo, que se rendeu aos reservas do rival, mas especialmente e com destaque para a inércia da nova diretoria na composição da equipe, direcionando as queixas e os ataques ao Presidente Samir.
Pode-se dizer que situações como a que o Coritiba vem vivendo nos últimos anos não devem ser debitadas a um único nome, afinal a direção eleita é um colegiado e todos seriam responsáveis. É assim e não é bem assim.
O presidente do clube – ou de qualquer entidade – deve ser o líder e obviamente o comandante. Já tivemos presidentes com personalidade forte e concentradores do poder e outros que delegaram até demais e pareciam conformados com a decadência do Coritiba, sempre colocando a culpa dos seus fracassos nos que os antecederam. Nem um extremo e nem outro é aconselhável, mas se os torcedores fizerem uma retrospectiva constatarão que os concentradores de poder e de personalidade forte tiveram bem mais sucesso pois tiveram coragem.
Não sei se o Samir é concentrador ou gosta de delegar, até agora ele não parece ser nem uma coisa e nem outra, pois aparece muito pouco e não sabemos com clareza como está administrando o clube e o que pensa. Sei, pode-se dizer que é cedo para que o seu trabalho se reflita, mas a dinâmica do futebol não permite que se aceite um desempenho tão fraco do time em um campeonato quase amador. Poderíamos ter paciência com o começo da gestão se, ainda que com desempenho fraco da equipe, fosse visto um crescimento paulatino. Infelizmente não está sendo assim, não vemos crescimento e a equipe não tem potencial para que se tenha esperança de que ali adiante melhorará.
Compor a equipe com atletas que foram devolvidos por clubes de menor expressão futebolística – casos de Ruy, Parede e Thiago Lopes – manter figurantes como João Paulo e Alecsandro (quem explica o contrato leonino que o favorece?) e contratar supostos jogadores como é o caso do Benitez, não anima ninguém a esperar muito.
Ainda há tempo, ainda estamos no começo do ano, mas muito – muito mesmo – deve ser feito para que sonhemos em voltar à primeira divisão do futebol. Ficar reclamando das dificuldades financeiras, como se delas não soubesse quando da candidatura, e tentar administrar sem investir é pensar pequeno.
A questão é que pouco mais de um terço dos associados (especialmente através da IAV) elegeram a diretoria para uma gestão de três anos, e então é com ela que vamos e dela temos que cobrar de modo incessante, civilizado e na esperança de que ela se encontre. Esperar até 2021 para que outra direção refunde ou retome o velho Coritiba é impossível. É muito tempo e os insucessos podem se acumular de modo que lá adiante não haja o que fazer.
Redigi a coluna acompanhando o pós-jogo pelo rádio aguardando que o presidente Samir ou alguém por ele viesse trazer alguma mensagem aos torcedores. Em vão, às 20 horas desisti. Se depois de uma derrota em atletiba nenhum dirigente vem dar satisfações e tentar dar esperança para a torcida, deve ser porque nada há para nos animar.
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