Bola de Couro
Nós, torcedores de futebol, quando o nosso time vai mal temos como primeira reação culpar o técnico e pedir a sua saída. Logo a seguir responsabilizamos jogadores que não têm técnica ou que não mostram disposição. Em ambos os casos quase sempre com razão, pois o torcedor sabe enxergar.
Depois do vexame de hoje, não fugimos à regra. O nosso técnico, em que pese comandando o time há dois meses, não conseguiu sucesso e nem mesmo mostrar que poderia tirar mais do fraco elenco. As reclamações da torcida quanto à má qualificação e falta de entrega de muitos jogadores também procedem. E os culpamos com razão.
Mas hoje não vou me aprofundar nestes tópicos, uma vez que o meu objetivo é mostrar outros culpados, provavelmente os maiores.
Antes permitam-me entrar um pouquinho no campo jurídico para chegar aonde quero. O Direito responsabiliza pelo resultado danoso todos que concorrem para ele, mas distingue as ações olhando para a conditio sine qua non, ou seja, a causa sem a qual o fato danoso não teria ocorrido e quem a gerou. É certo que a teoria não é tão simples assim, mas aqui não é o espaço próprio para considerações jurídicas, servindo a alusão apenas para chegar aos maiores responsáveis pela decadência do time – e em consequência do clube.
Pois bem, nós torcedores estamos mirando o técnico – o terceiro na temporada – e quase todos os jogadores, dando-os como responsáveis pela péssima campanha do time. Mas e quem os escolheu? Quem deu aval para contratações onerosas e inúteis como, por exemplo, os casos do Alecsandro, Daniel, Baumjohann, Keirrisson e tantos outros (o rol seria extenso)? Quem renovou contrato, a peso de ouro, com o Carpegiani para logo depois demiti-lo e aumentar o nosso já vultoso passivo trabalhista? Onde a coerência de quem passou os dois primeiros anos da gestão afirmando que pouco poderia investir no futebol pois a prioridade era reequilibrar as finanças e neste ano abriu os cofres gastando o que não podia, e mal, inclusive com um técnico caríssimo que até agora não mostrou resultado? E onde o comando diretivo e liderança para exigir de alguns jogadores transpiração, já que inspiração não têm?
Pois é amigos, não podemos esquecer dos dirigentes – eleitos ou contratados – cuja má administração é a condição sem a qual o drama que estamos vivendo muito provavelmente não ocorresse. Respeito muito o presidente Bacellar, homem íntegro, assim como o Pedroso, mas o meu compromisso é com a honestidade para com a minha consciência, o que não me permite poupá-los por terem se dado mal na montagem do time nos três anos da gestão que integram. Os seus erros certamente foram provocados por confiança nas indicações do Alex Brasil, outro responsável fundamental pelo que há tempo vem ocorrendo, mas quem o contratou e quem homologou o que ele indicou tem responsabilidade pelo fracasso.
Matematicamente ainda há chances de escapar de um mais vexame na nossa história, mas vendo a situação de forma realista será muito difícil. Não dá para ter confiança, ainda mais porque pouco há para fazer e temos que contar com o que dispomos, o que é pouco. A série B está à vista e a encontraremos sem elenco e com os cofres vazios, o que é assustador.
Não tenho a fórmula para mudar algo em relação a um time que é técnica e animicamente fraco como é o nosso. Alguém tem? Sal grosso não vale.
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