Bola de Couro
A maior revolução que atingiu a humanidade nos últimos tempos – final do século passado e início deste – foi sem dúvida o estabelecimento e afirmação das redes sociais. O mundo já não se move sem utilização do Facebook, WhatsApp, YouTube outros. As comunicações são instantâneas e notícias chegam até nós em minutos ou segundos.
O Facebook tem 1,6 bilhão de usuários, o WhatsApp 1 bilhão e o YouTube mais de 1 bilhão. E a Internet já alcança 3,2 bilhões de participantes, sendo que só no Brasil possui 86 milhões de usuários. E especificamente em relação ao YouTube, o Brasil é o segundo país no mundo em número de acessos.
Enquanto isso, a circulação dos jornais impressos cai cada vez mais, muitos oferecendo acessos on line – há notícias de que a Gazeta do Povo estaria por abandonar a venda da edição impressa, o que seria uma lástima – e em Porto Alegre o jornal O Sul, o segundo em circulação, já adotou esse caminho. E a audiência das TVs também (veja aqui).
Pois bem, este prólogo é para chegar ao fato do último final de semana, quando Coritiba e Atlético, que não aceitaram a oferta de pagamento da afiliada da Globo local para transmitir os seus jogos, tiveram uma ideia inovadora e que pode marcar o futuro da transmissões esportivas.
O acompanhamento da transmissão do não realizado atletiba pelo YouTube alcançou a marca de 458 mil (!) acessos, enquanto que no Facebook, entre acompanhamentos, postagens e comentários foi atingida a marca de 4,7 milhões(!).
São número que mostram que de um lado a poderosa rede de TV e o seu áulico presidente da FPF sentiram muito o potencial da iniciativa, e de outro que a população estava carente de um meio gratuito – ou barato, ainda que possa ser cobrado no futuro – para ter acesso ao futebol diante dos caros ingressos e mensalidades de assinatura de TV. O número de usuário das redes sociais, em especial do YouTube, alcança classes financeiramente desfavorecidas, para as quais a prática de acompanhar o futebol estava se limitando as transmissões por rádio. E é sabido que hoje, por mais modesta que seja a pessoa, quase todo têm computadores ou smartphones e similares. E todos podem ter ao alcance uma transmissão online.
A transmissão que não aconteceu tinha patrocinadores. Se, ainda que embrionário o método, três empresas de porte se dispuseram a patrocinar o evento, quem sabe os clubes de futebol estejam se encaminhando para, em futuro próximo serem senhores das transmissões online, vendendo patrocínios para si próprios sem depender dos aleatórios critérios das redes de TV?
Goste-se ou não, tenha deturpações ou não – e há – as redes sociais já estão solidificadas e não há como resistir, assim como aconteceu em vários episódios da História da humanidade.
Quem viver verá.
Em tempo: Não posso deixar de registrar que o número de seguidores inscritos para acompanhamento da transmissão iniciou com aproximadamente 60% de coritibanos e terminou com em torno de 54% de coxas. São números relativos, assim como os de qualquer pesquisa, mas constituem um forte indicador de qual torcida é realmente a maior.
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