Bola de Couro
Há quem seja predestinado para o sucesso ou para o fracasso. Às vezes pela sorte ou pelo azar, os bens sucedidos muito mais pela competência e carisma e por saber agir no momento certo, e os fracassassados por incompetência e por não ter atitude. Os crentes dizem que, segundo a teologia, predestinado é aquele destinado por Deus à glória. Nem sempre, pois pode haver predestinação para o fracasso, ao menos para quem acredita que sucesso é uma questão de sorte (que o digam os fracassados).
Vendo as fracas atuações do Walter nos atletibas, e captando o seu olhar desanimado e quase triste quando as câmeras se aproximavam, me vieram à lembrança os atletibas com o Sicupira nos anos 1970. Certamente ele mais perdeu do que venceu, afinal aquela foi a época de ouro do Coritiba. Mas eu, que talvez assisti a todos os clássicos de então, nunca o vi entregue, desanimado, sem brilho nos olhos como hoje se costuma dizer. Dava imenso trabalho à nossa defesa, tanto que o Hidalgo tinha que fazer a primeira marcação antes do zagueiro. Nós o respeitávamos. A torcida do Atlético podia sair do estádio cabisbaixa com uma derrota, mas jamais insatisfeita com a qualidade e a disposição do Sicupira. Talvez a maior parte da torcida do Atlético de hoje não o viu jogar, mas os que o viram certamente devem concordar comigo. Era um predestinado a se sair bem nos atletibas, mesmo nas derrotas.
Hoje, quem ocupa o seu lugar, o Walter, parece que não entendeu – para nossa sorte – o que é um atletiba e como deve nele se comportar. É um bom jogador (talvez melhor quando acima do peso), mas definitivamente não tem carisma e nem é predestinado para o grande clássico. Além de não jogar bem, quando nos enfrenta parece desanimado no curso e depois da partida. Quase que não tem graça vencê-lo. Confesso que embora sempre seja uma grande alegria vencer ao clássico, seja quais forem as circunstâncias, talvez gostasse mais das vitórias contra aquele time do Sicupira.
No nosso lado, já tivemos alguns predestinados, como foram os casos do Ivo e do Duílio na década de 1950, muitos dos integrantes dos times da década de 1970 e há pouco tempo o Geraldo que, mesmo limitado tecnicamente, nos atletibas tinha sempre uma estrela a brilhar em seu favor. Hoje, sem dúvida o predestinado é o Negueba. Sempre se saiu bem nos atletibas, quando não fazendo gol pelo menos conduzindo a jogada que resultou em um. Não basta um adversário a marcá-lo, até porque não para em nenhum setor do campo. Vibra como se fosse coxa desde criança. Ainda que em alguns jogos possa ter ido mal, para nós é muito mais importante que se saia bem no clássico maior, para o qual sem dúvida está se mostrando predestinado no bom sentido da expressão.
Não é azar e nem sorte, em nenhum dos casos. É conscientização do valor do clássico, carisma, competência e predestinação. Que Negueba e Walter continuem predestinados como têm sido.
(A repercussão do atletiba me permitiu voltar a ocupar este espaço novamente nesta semana).
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