Bola de Couro
O Coritiba foi protagonista de um vexame ontem contra o Bragantino. Por convicção do treinador entrou em campo com um time alternativo, sob o argumento de ser importante poupar os jogadores para o atletiba que se segue e sofreu uma goleada. Um erro que poderá nos custar muito caro.
Estamos em um dos campeonatos mais difíceis do mundo, e neste, afora um ou dois clubes na parte de cima e na parte de baixo, vemos uma tabela muito equilibrada, quando qualquer avanço ou queda muda radicalmente a classificação. Assim, passamos de um dos primeiros para a segunda página da tábua em três rodadas, estando a três pontos do primeiro clube na lista dos rebaixáveis.
Se historicamente e animicamente o atletiba é sempre um jogo muito importante – às vezes o mais importante – na verdade vale os mesmos três pontos que perdemos ontem em Bragança Paulista. Três pontos cuja falta, como já vimos em 2009 e 2017, poderá ser fatal ao final da disputa. Ou poderá ser decisiva para que se alcance algo maior do que a manutenção na série A.
Errou feio o treinador ontem, mais uma vez fazendo experiências com o time como se estivesse fazendo jogo-treino com algum time de segunda linha. Em entrevista ele assumiu a responsabilidade, mas e daí? Já não era para ter visto que invenções não funcionam em futebol quando um time vem bem ou regularmente bem como vinha o Coritiba? Desde o jogo contra o Santos, quando fez o primeiro embrulho com o time, já deveria ter se conscientizado disso.
Poupar jogadores que estavam “pendurados” por cartões amarelos ainda pode ser compreensível, mas poupar atletas sob o argumento de desgaste físico quando disputam um só campeonato, ao contrário de muitos adversários, inclusive o rival maior, não se sustenta em argumento algum, por mais falacioso que seja.
Vejamos no domingo se o rival terá sentido o fato de ter entrado com os titulares no jogo de ontem e nós, pelo raciocínio do treinador, estaremos na ponta dos cascos.
E fazer voltar o Alex Muralha, seis dias após levar pontos na mão, desprestigiando o jovem que o substituiu no último jogo – se bem que ainda não sabemos se é um bom goleiro – foi uma imprudência. E novamente, com mão costurada ou não, o Muralha falhou bisonhamente, mostrando que não pode jogar no Coritiba. Já tivemos muita compreensão e paciência com ele, mas não dá mais. Se se diz que um time começa por um bom goleiro, então estamos mal.
Esses erros do treinador, que já acertou muito, inclusive mudando o panorama de jogos por intervenções no intervalo, não se pode negar, deveriam ser objeto de aconselhamento por alguém da direção, mais especificamente o dito “head” esportivo, ou diretor de futebol. É sabido que treinadores não gostam de interferências no seu trabalho, mas alguém com a habilidade com as palavras que o Renê Simões tem, deveria saber como fazer (a não ser que tenha concordado com a decisão de “poupar” jogadores). Dispensamos cartas repletas de conceitos de autoajuda, queremos efetividade e resultados no trabalho.
Por fim, um apelo. Desde ontem li muitas manifestações de torcedores nas redes sociais e aqui no Coxanautas, alguns afirmando que em razão do vexame irão se desassociar do clube. Espero que tenham sido afirmações no calor do momento, pois sabemos todos das dificuldades que a direção encontrou e enfrenta de modo transparente e com muito esforço, e não podemos abandonar o clube passionalmente. Nada está perdido, esperemos que o treinador se conscientize de que não pode mais errar, que o clube supere o “transfer ban” e na janela do próximo mês contrate alguns reforços, primordialmente um goleiro, e quem sabe voltemos a dar alegrias que não somente a manutenção na primeira divisão.
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