Bola de Couro
Vitória.
A vitória de domingo foi justa, mas não podemos negar que foi na “conta do chá”. Ganhamos porque jogamos o necessário e um pouco melhor do que o adversário. Mas o importante é que foi uma vitória sem a qual estaríamos entrando em mais uma crise das tantas que temos vividos nos últimos anos. Melhor vencer assim, mesmo sem convencer, do que abrir vantagem com boas apresentações e nos últimos minutos deixar escapar a vitória.
Pachequinho.
O treinador interino com poucos dias de trabalho mostrou que conhece o futebol melhor do que o que o antecedeu. Soube fazer as substituições no curso do jogo, mostrando que não tem compromisso com quem não está bem, ainda que se diga que seja um líder no vestiário – caso específico do João Paulo – e tampouco agiu como o seu antecessor que não tinha nenhuma originalidade e fazia as mesmas substituições como se programadas. Se tiver liderança sobre o grupo e não se importar com eventual insatisfação de medalhões e de empresários, poderá alcançar sucesso.
Defesa.
A zaga do Coritiba vinha sendo louvada até algum tempo, mas de repente desandou e passou a tomar gols em profusão, levando o time a ter a defesa mais vazada do campeonato, ao lado do Atlético-MG, com treze gols sofridos em sete jogos. Computados os resultados dos atletibas, em nove jogos tomamos dezoito gols, ou seja, uma média de dois gols por jogo. Embora eu não tenha segurança na afirmação, talvez se mostrasse melhor a antiga composição com Juninho e Walisson Maia. De qualquer modo, não há zaga que seja muito eficiente se não tiver à frente pelo menos um bom volante e quem saiba cobrir os avanços dos laterais. Não me entusiasma o fato de o Lucas Claro fazer gols, pois a sua principal função é evitar o dos adversários, quesito que não tem atendido.
Volantes.
O problema dos volantes é antigo no Coritiba. Desde a saída do Leandro Donizete a qualidade técnica do setor caiu. Nosso presidente firmou que buscaria um volante “quebrador de bola”, como se essa qualificação fosse interessante. Quebradores de bola nós temos muitos, o que não temos são volantes que saibam desarmar e sair jogando. João Paulo é limitadíssimo, às vezes não acerta um passe para um companheiro que esteja dois metros distantes, e o Edinho não entusiasma, até porque é mais um quebrador de bola como quer o presidente.
A arbitragem.
O árbitro de domingo deve ser o tipo de pessoa à qual não se pode dar o mando, pois confunde autoridade com autoritarismo Qualquer reclamação era tida como ofensa merecedora de cartão amarelo. O jogo não foi violento e nem desleal, e o excesso de cartões amarelos por reclamação mostrou que o árbitro não soube conduzir o jogo. Porém, merecem puxão de orelhas também os jogadores que, vendo que o árbitro agia assim desde o início do jogo, não souberam se conter e continuaram com reclamações. O segundo cartão amarelo para o Juan foi resultado da submissão do árbitro às pressões dos jogadores do Sport, que procurou compensar a expulsão do Matheus Ferraz, também exagerada. E ele consta na CBF como árbitro aspirante à Fifa, o que é mais um indicativo de como as coisas vão mal no futebol brasileiro.
Caminhando para o fim.
Tom Jobim, ao ouvir a proliferação de músicas funk e sertanejo universitário, disse que a música, tal como ele a conhecia, não mais existia. Pois eu, vendo o que ocorre no futebol brasileiro, nos clubes e na seleção que já foi a mais qualificada e respeitada do mundo, penso que posso dizer que o futebol, tal como vi e vivi, caminha para o seu final. Aos poucos foi deixando de ser a alegria do povo para se tornar um empreendimento comercial. O público está se afastando dos estádios e nem os jogos da seleção têm boa audiência na TV. O 7 x 1 da Copa do Mundo deveria ter servido de lição para uma revolução no futebol brasileiro, mas o que se vê é uma apatia, sem renovação, como se logo ali pudéssemos nos recuperar apenas pelo passado de glórias. Será difícil a recuperação com um dirigente acusado de corrupção que não pode colocar os pés nem no Paraguai sob pena de ser preso e de um responsável técnico empresário negociante de jogadores, como é o caso do Gilmar Rinaldi.
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)