Bola de Couro
Vi a notícia de que a Treecorp, adquirente do 90% do Coritiba através de uma sociedade anônima de futebol, ao anunciar oportunidade para investidores disse que pretende fazer com que o clube volte a ser um dos dez melhores clubes do Brasil até o ano de 2030.
Quando anunciada a transformação do status jurídico do Coritiba, eu fiquei bem consciente de que, como dito e redito, não seria em curto prazo que os objetivos seriam alcançados, mas sim a médio prazo. Posicionamento lúcido e razoável, pois para um clube que vem há décadas mal, seria muito difícil encontrar solução e ganhos em curto prazo.
Mas imaginava que neste ano já avançaríamos um pouco e pelo menos teríamos uma classificação no mínimo honrosa, para, nos anos seguintes, aos poucos ir reconstruindo o clube para o pleno sucesso. O primeiro objetivo já se viu que não será alcançado, enquanto o segundo foi transferido de médio para longo prazo, ou seja, sete anos.
É muito tempo em se tratando de futebol e sua paixão. Crianças que ainda não viram sucessos do Coritiba, agora, com essa expectativa temporal anunciada pelo Treecorp, não verão tão cedo, muito provavelmente se desmotivando no caminho, pois dificilmente terão paciência para esperar tanto.
E a velha guarda, aquela que viu o sucesso do time em tempos idos, poderá esperar sete anos para ver o clube voltar a ter sucesso? Aqui no Coxanautas e no frequentar o estádio, especialmente as cadeiras sociais, se pode constatar que número de torcedores “menos jovens” é muito grande.
Estou com 76 anos de idade e com saúde frágil. Embora tenha prometido para mim mesmo que só morrerei depois que o Coritiba voltar a alcançar um título nacional ou continental, será que estarei aqui, com oitenta e três anos de idade, a partir dos sete anos anunciados para alcançar a redenção, para ver o clube novamente grande? E milhares de coritibanos devem estar na mesma situação e com a mesma expectativa, esperando que conquistas como aquelas voltem logo sob pena de não as ver mais.
Já estamos, nós, os menos jovens, a contar para nossos netos e bisnetos como o Coritiba um dia foi grande, e ele nos olham de modo desconfiado, talvez pouco acreditando. Embora a condição de torcedor normalmente seja passada de pai para filho, no mais das vezes ela é formada pelo sucesso de um time. Crianças e adolescentes são influenciáveis e muitos não quererão ser coxas se não se tratar de um clube de vitorioso.
Enfim, Treecorp, eu e milhares de torcedores que acompanhamos o Coritiba há dezenas de anos não podemos esperar. Tratem de consertar o ano praticamente perdido e de fazer o Coritiba voltar a ter sucesso em médio prazo. Do contrário, com esse engatinhar diante dos resultados em campo nos últimos anos, aos poucos vamos perder potenciais torcedores jovens por desinteresse e os mais velhos que nos deixarão cumprindo o ciclo da vida.
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