Bola de Couro
Ontem parece que chegamos ao fundo do poço. Ou ainda há o que cavar tal como na frase do Luiz Fernando Veríssimo (trocando a referência ao Brasil por Coritiba): “No Brasil o fundo do poço é apenas uma etapa”?
Que humilhação meus amigos. A cada rodada que passa, desde o fracasso no campeonato estadual, passando pelo da Copa do Brasil, esperamos que o Coritiba se reerga, mas cada vez se afunda mais no atoleiro em que se meteu.
Ontem voltamos com a mesma fracassada zaga, mas diante das lesões de alguns e da convocação de outro não havia como substituir e nem em uma semana ensinar os que estavam em campo a saber jogar. O primeiro gol que tomamos mostrou o quão ridículos são os nossos veteranos, apáticos e altos zagueiros.
Mais uma vez o time fez o primeiro gol e em seguida recuou, consciente de suas limitações e também sem coragem, e assim se manteve até nos minutos finais sofrer a derrota. Perdi a conta de em quantos jogos tomamos gol quase ao encerrar dos jogos.
Entramos em campo com a formação possível (o que houve com o Gabriel?). Não havia quase opção diante do fraco plantel, não se vendo no banco de reservas alternativas que pudessem melhorar o time. Infelizmente é o que temos e teremos até a janela de julho.
Mas não foram somente falhas individuais que nos levaram a mais um fracasso. O treinador, se não tinha como tirar leite de pedra com o elenco de que dispõe, piorou tudo ao fazer algumas substituições, parte quando não havia tempo para mais nada e em parte infelizes, quando não desastradas como foi o Marcos Vinícius. A cereja do bolo foi substituir o Marcelino, que vinha muito bem, pelo gordinho e suposto jogador de futebol Potker, dando um tapa na cara do torcedor ao promover essa alteração.
Ah, a arbitragem ontem nos foi prejudicial, sem dúvida, mas nem por isso por si só foi determinante para o resultado. Dizia o mestre Tim, um dos maiores técnicos que tivemos, que se o time vai bem e faz muitos gols não há má arbitragem que resista.
Não teria mais o que dizer, até porque o meu sentimento é de tristeza e na emoção nem sempre sabemos ser racionais, mas não posso deixar passar duas observações sobre a torcida.
A primeira se refere à torcida organizada que, a despeito de oferecer um bom visual quando dos jogos, traz mais prejuízos ao clube do que eventuais benefícios. Protagonizaram o vexame de 2009, volta e meia estão nas páginas policiais, usam uniformes próprios sem dar ao clube retorno financeiro na compra do material oficial, e ontem novamente nos envergonharam perante o país. Lembro que após o desastre de 2009 as torcidas organizadas – notadamente a maior – foram afastadas e proibidas de ingressar no estádio com seus uniforme e adereços, coincidentemente período em que o time foi mito bem, mas depois foram anistiadas. O rival há algum tempo adotou medida semelhante e a mantém e talvez esse seja um dos fatores do seu inegável sucesso. Infelizmente parece que a direção do Coritiba está quase como refém da torcida organizada, tanto que, a cada momento de fracasso, chama os seus líderes para dar satisfações que seriam devidas aos associados, esses sim mantenedores do clube.
E ainda sobre a torcida, que momento infeliz do treinador Zago ao afirmar que diante das manifestações das arquibancadas pareceria que no Couto Pereira o Coritiba estaria a jogar como se fosse no estádio do adversário. Ele não conhece a nossa torcida para tentar julgá-la. Não sabe que mesmo com o time fracassando e amargando os últimos lugares na classificação, a torcida se mantém fiel, com média de mais de vinte mil espectadores no estádio por jogo (imagine-se como seria se em campo houvesse sucesso). Desconhece que no mundo do futebol é assim mesmo, a torcida reage conforme o desempenho do time. Era só o que faltava, culpar a torcida pelo fracasso!
Enfim, amigos, estamos como uma ratazana que é caçada a pauladas (a expressão é do Nelson Rodrigues), todos nos batem e a grande aposta do momento é saber qual será a equipe que um dia perderá para nós.
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