Bola de Couro
Depois de assistir a um jogo de baixíssimo nível técnico, cujo resultado justo deveria ser, se as regras do futebol permitissem, perda de pontos para ambas as equipes, tivemos que conviver com mais um triste episódio protagonizado pela IAV, instituição que se diz torcida, mas que, como afirmava o saudoso jornalista Carlos Alberto Pessoa, o Nego pessoa, na verdade torce para si mesma.
Em 2009 já fomos objeto de repúdio e chacota nacional por causa dos tais “torcedores”, em episódio que todos devem lembrar e que constituiu um dos dias mais tristes da minha vida. O Coritiba foi punido com a perda de mando de campo por trinta jogos, depois reduzida para dez em face de alteração da legislação, mas soubemos fazer do limão uma limonada e jogando quase só em Joinville voltamos para a série A até por antecipação.
Naquela ocasião, o Coritiba presidido de fato pelo Vilson Andrade, suspendeu a suposta “torcida”, proibindo que entrasse no estádio com suas camisas, baterias, faixas e o que fosse. Tempos depois, em decisão que respeitei mas não aceitei, a quadrilha foi perdoada e voltou a frequentar o estádio com suas marcas (adquiridas e vendidas em detrimento das do clube).
Neste ano, pelo que fez nos jogos contra o Atlético-MG e Internacional a súcia foi punida com proibição de entrar no estádio com as suas identificações por noventa dias, pois, como afirmado na ocasião pelo MP “torcedores do time praticaram atos violentos, como invasões de campo, agressões e depredações de equipamentos públicos e viaturas policiais”.
Imaginava-se que a medida seria pedagógica e impediria que novos fatos lamentáveis ocorressem, embora a direção tenha aceitado as idas dos desordeiros ao centro de treinamento, o que deve ter lhes parecido como uma demonstração de respeito pelo temor e uma espécie de alvará para atuar como quisesse.
Mas, como diz o homem do campo, “cachorro comedor de ovelha só matando”, ou quem fez uma faz duas, faz três.
Ontem novo papelão, desta vez mais grave do que os anteriores deste ano, ainda que mais brando do que os de 2009.
O futebol há muito deixou de ser esporte romântico de outros tempos, quando torcidas convivam pacificamente, para tornar-se violento ao ponto de haver quem não vá ao estádio por temer pela segurança física. Já escrevi antes a respeito dessa caterva e recebi mensagem de um amigo, que me acompanha no Coxanautas, aconselhando-me a tomar cuidado pois poderia ser objeto de represália física. Isso é um retrato do temor que o bando impõe a alguns e que talvez esteja a impedir medidas mais drásticas por parte de quem poderia tomá-las.
Mas eu espero que a direção - da SAF e a institucional - não os tema e tenha coragem para banir de uma vez por todas a sedizente “torcida”, que tem sido uma nódoa na nossa imagem perante a mídia e torcedores de outros clubes. Aliás, clube nenhum deveria admitir essas supostas “torcidas”, o futebol agradeceria se fossem todas banidas.
Gostaria de ter tratado do time, e especialmente do seu lunático treinador, mas os fatos violentos se antepuseram. Outro dia falo a respeito.
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