Confabolando
O Paraná sempre foi considerado um estado conservador politicamente. A predominância de governos de centro-direita sempre foi o principal argumento utilizado para estava avaliação, muito embora a discussão sobre esquerda e direita hoje seja protagonizada por intelectuais que tentam estabelecer a diferença que separa uma da outra, no momento em que a maioria dos homens públicos, salvo as exceções, notabilizam-se por suas posturas de centro.
Contudo, este não é o tema central do texto. Mas sim a forma como o Paraná entra, pelo lado errado, no comunismo. Esta ideologia tinha como objetivo primário uma sociedade igualitária, baseada na propriedade comum, fosse ela um bem de valor monetário ou intelectual. Uma das fases de implantação do Comunismo, a exemplo do que ocorreu em Cuba e na falecida União Soviética, era a expropriação dos bens privados.
Este foi o fato que sempre mais chamou a atenção e deixou de cabelo em pé os grandes latifundiários e agregadores de capital. No Brasil não foi diferente. O medo da força vermelha que vinha de parte da Europa, sob a tutela da União Soviética, levou o País a um dos períodos mais sombrios de sua história, a ditadura miliar.
Hoje, passada a discussão capitalismo x comunismo e no momento em que o Fórum de Davos, berço da vanguarda da economia mundial, discute novas formas do capitalismo superar suas próprias contradições e evoca as principais cabeças pensantes para formular novas fórmulas para o modelo econômico, eis que surge Hélio Cury.
O presidente da Federação Paranaense de Futebol não está em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial e tampouco em Davos, mas acaba de inventar um novo modelo econômico. O comunismo individual.
Entenda-se: Ao articular, junto ao presidente do Atlético Paranaense, Mário Celso Petraglia, a cessão – quase – gratuita do Couto Pereira ao clube da baixada, Hélio Cury tenta a expropriação de uma propriedade privada, sob o pretexto de bem público, quando na verdade trata-se de uma medida para beneficiar apenas uma instituição em prejuízo a tantas outras que submetem-se as esdrúxulas regras criadas pela entidade por ele presidida.
Cury tenta abstrair o direito de propriedade privada, previsto na constituição, para atender interesses que ainda não estão bem claros e definidos, embora circule livremente nos meios de comunicação e em papos de boteco a sua intenção em colocar seu nome a disposição das urnas e dos eleitores, que vão eleger seus representantes municipais pelos próximos quatro anos.
É. Talvez o lugar do Atlético não seja o Couto Pereira. Assim como talvez o lugar de Hélio Cury, o subversivo, não seja a Federação Paranaense de Futebol ou a Câmara Municipal de Vereadores. Talvez o local ideal para a vanguarda do pensamento econômico paranaense seja mesmo a tribuna do Fórum Social Mundial, ou ainda, Davos, onde a tese da expropriação do capital privado para o uso individual possa ser apresentada e entendida, situação que não ocorre aqui na aldeia.
* O título da coluna é Subversivo, em russo.
No próximo texto abordarei motivações e consequências desta contenda jurídica.
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